24/02/2012

Religiosos e religiosas do Brasil refletem sobre a identidade da Vida Consagrada

Evento promovido pela Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB, reúne em Itaicí, Indaiatuba, SP, cerca de 400 religiosos e religiosas de todo o país e tem como tema "A loucura que Deus escolheu para confundir o mundo".



"Onde nos encontramos neste momento histórico? Qual é o futuro da Vida Religiosa?", perguntou padre Carlos Palácio, provincial dos Jesuítas no Brasil e vice-presidente da CRB Nacional, em conferência que abriu o segundo dia de trabalhos, no Seminário Nacional sobre a Vida Consagrada, na manhã desta sexta-feira, 24. Para o assessor, a Vida Consagrada e Apostólica hoje, não apresenta uma identidade clara. Muitos de seus membros se sentem cansados, outros estacionados, outros ainda, buscam uma auto-realização o que é contraditório. "Isso não está nos livros, mas nas pessoas que são livros vivos. É para esta situação que temos de dar respostas", afirmou.

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Alegrias e inquietações na Vida Religiosa Consagrada

Segundo padre Palácio, "não faltam motivos para nos sentirmos cansados", contudo, "a Vida Religiosa, se fundamenta no Evangelho e, enquanto houver gente apaixonada por Jesus Cristo, haverá Vida Religiosa". Na opinião do teólogo, as congregações têm dificuldades em lidar com essa situação. Para enfrentar esse mal estar é preciso olhar a história. "É por não saber quem somos que não temos a clareza dentro e fora das nossas comunidades". E acrescentou: "gastamos a maior parte das nossas energias em administrar a nossa diminuição numérica, o envelhecimento e peso das instituições".

Na sua exposição, o jesuíta insistiu na necessidade de se resgatar o núcleo da identidade da Vida Religiosa e Apostólica. "Quem somos? A Vida Consagrada não é uma réplica da vida leiga cristã, nem da vida monástica, mas uma vida peculiar que capta elementos comuns da vida cristã e faz deles uma síntese. Disso surge uma espiritualidade", destacou.

Na sequência, para elucidar a identidade da Vida Religiosa, padre Palácio recorreu ao Evangelho segundo Marcos (3, 13-14). Para ele, nesse texto, o evangelista reúne três elementos que revelam o núcleo identitário da Vida Consagrada, que são: a experiência do chamamento gratuito; a descoberta de ser chamado para estar com Jesus; e, o ser enviado em missão.

Nesse sentido "o importante é captar os três aspectos que não podem ser tomados separados, mas intimamente unidos. A experiência do encontro e da relação pessoal com Jesus dá essa identidade. É uma percepção única de um modo de viver. Se faltar um desses aspectos, a nossa vida começa a desmoronar", afirmou. Para ele, essa é a mística que alimenta a Vida Consagrada.

A Missão
"A Missão não é fazer coisas, mas dar a vida e é impossível realizar uma Missão que dê vida sem que esteja enraizada na experiência de amor a Jesus Cristo. É isso que será capaz de unificar a nossa vida", argumentou.

Padre Palácio destacou ainda que, "a Missão não cabe dentro do recolhimento e da paz monástica caso contrário, ela ficaria desfigurada". Deveríamos fazer uma avaliação honesta e transparente dos 50 anos de pós Concílio Vaticano II, das suas conquistas, perdas e impasses. "Nem tudo o que foi assumido pela Vida Consagrada foi digerido evangelicamente", sublinhou.

O teólogo concluiu a sua exposição com alguns questionamentos para suscitar um ‘olhar positivo e confiante': "Estamos verdadeiramente convencidos que o principal problema da Vida Religiosa é mais de espírito do que de administração? É possível resgatar a paixão e o entusiasmo pelo que há de novo e original no estilo de Vida Religiosa e Apostólica? Temos consciência de que ainda persiste uma desarticulação entre vida e missão?", foram alguns das perguntas colocadas. "A redescoberta da identidade está em nossas mãos. A tradição só é viva quando faz viver e nós estamos cheios de tradições mortas", concluiu.

Na segunda parte da manhã, Irmã Annette Havenne, SM, psicóloga e formadora, aprofundou o tema e destacou a importância de viver e transmitir a paixão pela Vida Religiosa e Consagrada com convição.

"A Vida Religiosa e Consagrada é uma loucura e faz loucuras porque nasce de uma paixão, paixão por Jesus e pelos valores do reino. Esta paixão é resposta a outra paixão bem maior, à inexplicável paixão de Deus pela humanidade", destacou a religiosa. Em sua opinião, se olharmos o núcleo identitário da Vida Religiosa na perspectiva de um itinerário vocacional, "vamos constatar que não basta um ideal religioso, social ou humanitário como motivação, mas o re-encanto consciente por Jesus Cristo e a proposta do discipulado".

Para Irmã Annette, a segunda convicção decorre da primeira. "Uma paixão autêntica é comunicativa, contagiante. Viver hoje o núcleo da identidade significa pensar como nos ajudamos a alimentar esta paixão e a transmiti-la para as novas gerações de consagradas e consagrados".

Mística, comunidade e missão é o tripé que sustenta a Vida Religiosa Apostólica. "O que nos caracteriza, o que faz nossa identidade de religiosas e religiosos é como nós queremos ser comunidades de irmãs e irmãos em vista da missão e partilhar entre nós a experiência do rosto de Deus que se revela nesta missão", argumentou.

O Seminário que acontece desde ontem, dia 23, encerra suas atividades nesta segunda-feira, 27, com sugestões para a XXIII Assembleia Geral Eletiva da CRB marcada para julho de 2013 em Brasília - DF.

Fonte: Assessoria de imprensa CRB

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