12/12/2010

Kenya marks 47th Jamhuri day

President Kibaki on Sunday led the nation in marking its 47th anniversary, traditionally a day reserved for annual stock-taking, but which this time was clouded by the leaked US diplomatic cables that had labelled the coalition government as corrupt and anti-reformist.Though initially measured in their response to the leaked cables, the coalition principals went full-throttle against US ambassador Michael Ranneberger during the Jamuhuri day celebrations, dismissing the envoy's conduct as that of a colonial governor.

"We do not want visitors who come act as if he is a governor...the last governor left in 1964. The responsibility of running Kenya is now ours. We welcome visitors , but we also want them to respect us," said PM Odinga.

President Kibaki later added: " Nobody who has been in this country all this time to see all we have done can suddenly start scaring us with things that they write. Those trying to scare us should go elsewhere."
The President, in a rare acknowledgement, stated that a foreign power was funding the youth to within the country to incite political dissent.

"There are three to four people who are giving out money to the youth pretending to be helping them and yet they are lying. We will not allow visitors to come here and cause confusion, and we will not be scared to fight with them," said President Kibaki in off-the-cuff remarks.

Ambassador Ranneberger, in his report to the US State Department in January 2010, had characterised President Kibaki and Mr Odinga as part of a political elite that has benefitted from corruption and proceeded to label the duo as anti-reformist.

Sunday's scathing response by the coalition principals to the leaked cables marks a new low in relations between United States and Kenya, but are not expected to alter the diplomatic ties between the two countries.

In his formal Jamuhuri day speech, the President took cognisance of the weight of the impending announcement by Ocampo and urged Kenyans to demonstrate "political maturity" during the course of the ICC process.

ICC prosecutor Luis Moreno-Ocampo will on Wednesday 5 o'clock announce six politicians and businessmen suspected to have masterminded the post-election violence. The announcement will be streamed live via the internet.

"I am aware that the process of dispensing justice in regard to the post election violence has continued to engage the minds of Kenyans. Therefore, as the ICC process gets underway, I urge Kenyans to demonstrate patience and political maturity," said the President.

The President equally issued orders to the police force and the national cohesion commission to crack down on politicians who may issue provocative utterances in the course of the ICC process that may reignite the ethnic animosity the country experienced in 2008.

"Let us all embrace peace and the spirit of forgiveness to enable our nation move ahead. Let us not engage in utterances that compromise our national unity. I, have therefore, directed the Commissioner of Police and the National Cohesion and Integration Commission to deal swiftly with any individuals or groups engaging in hate speech," he said.

Kibaki also rallied members of parliament to approved the nominees to two commission which are vital to the implementation of the new constitution.

"We are fully committed to implementing the Constitution in a timely and efficient manner. I, therefore, appeal to Members of Parliament to approve the nominees to the commission for the implementation of the Constitution to ensure that we stick to the agreed schedule," said the President.

fonte: SUNDAY NATION

09/12/2010

O dogma da Imaculada Conceição - Por Murad A

Para entender o dogma da Imaculada Conceição é preciso
refletir antes sobre quem é o ser humano diante de Deus.
A partir daí, ver o que Maria tem em comum conosco e o que ela tem de especial.
Uma graça original
Cada bebê que vem a esse mundo nasce com uma bênção divina. O Senhor nos cria para sermos felizes e colaborarmos na felicidade dos outros. Todos nós fomos criados em Cristo. Estamos marcados pelo sopro de vida do Criador e por uma Graça Original. Como nos diz São Paulo: Antes da criação do mundo, Deus nos escolheu em Cristo, para sermos, diante dele, santos e imaculados (Ef 1,4).
Cada um se desenvolve com o tempo, constituindo-se como pessoa no correr da existência. Aprende a amar e a ser amado, recebe a fé de outros e a assume como sua. É fascinante ser, até a morte, “aprendiz da arte de viver”. Somos limitados no tempo e no espaço e condicionados pela cultura onde nascemos e vivemos. Neste processo de aprender com a vida, até os erros são importantes. Muitos limites são reassumidos no futuro, como oportunidade de superação e crescimento.No útero da mãe, o feto está recebendo, em doses distintas, amor e desamor, acolhida e rejeição, afeto e violência. Somos todos solidários no bem e no mal. Ninguém começa sua vida a partir do nada. Pela fé, reconhecemos que somos parte de um grande projeto amoroso de Deus, que estamos marcados por sua Graça e pela corrente positiva de amor de tantos seres humanos que vieram antes de nós. Mas o mundo também tem violência, mentira e maldade, que contagiam cada pessoa que nasce. Ao começar a existir, já estamos sob ação de forças positivas e negativas, de vida e de destruição, e interagimos com elas.Há algo na nossa história pessoal, comunitária e planetária que danifica os belos projetos do Senhor. Não vem de Deus e é difícil localizar sua origem. Nós o chamamos: “Mistério do Mal e da iniqüidade”. Ele está espalhado na humanidade e repercute dentro de cada um. Pois não só somos seres finitos, chamados a evoluir com o Universo. Mas muitas vezes freamos este processo e nos negamos a crescer.

O ser humano dividido
Cada ser humano tem dentro de si muitos desejos, tendências e impulsos. Eles são bons, desde que integrados num projeto de vida. Por exemplo, cada um de nós necessita acreditar em si e exercitar sua liberdade, de forma a ser aceito e respeitado pelos outros. Esta é a forma básica do poder. A pessoa fraca, impotente, contribui pouco nas relações. De outro lado, o poder é perigoso. Um pai autoritário pode deixar muitas feridas nos filhos. Um político poderoso e corrupto prejudica a nação e faz aumentar a exclusão social. Outro exemplo: todo ser humano busca prazer, ao se relacionar, ao comer, ao se divertir. Uma das formas mais intensas de prazer é o sexual. A relação entre homem e mulher é bela e querida por Deus. Mas o sexo desequilibrado, sem afeto e respeito, produz individualismo e violência. Outro exemplo ainda: gostamos de nos vestir bem, ter as coisas para usar, possuir os objetos que tornem a vida mais prática. Mas quando esse desejo desordenado se torna consumismo, cria pessoas dependentes e apegadas às coisas, que chegam a arruinar a vida para comprar tudo o que encontram.
Temos dificuldades de integrar nossos desejos e pulsões, e colocá-los a serviço de um projeto de Vida. Os impulsos do poder, do ter, do prazer e tantos outros, atraem a pessoa para baixo e podem afastá-la de Deus. A teologia chamou essa divisão interna de “concupiscência”. Ela tem dimensões individuais, coletivas e culturais. Sabemos que a nossa liberdade está comprometida pelo pecado e precisa ser libertada. São Paulo lembra essa divisão interna que a gente vive, dizendo que muitas vezes nosso coração quer fazer o bem, mas acabamos fazendo o mal que não desejamos (Rom 7, 14-24). Somos seres fragmentados. Mas nós cremos na vitória da Graça de Jesus Cristo, que nos liberta de todas as cadeias (Rom 5;8 e 8,1-4). A “graça original” de Deus, que nos cria e nos salva, é mais importante e mais forte do que o Pecado Original, e nos ajuda a superar nossos pecados e falhas.
O “Pecado Original” não é um pecado em sentido estrito, mas em sentido analógico. Ou seja, não é um ato cometido livremente, contra Deus e o seu Reino, relacionado com a orientação fundamental e as atitudes da pessoa. Com esta expressão, reconhecemos que existe uma ausência de mediação de graça em cada um de nós e nas nossas relações. O Pecado Original não faz parte da essência do ser humano, mas de nossa atual condição humana, que sofre a ação do mistério do mal e da iniqüidade. Que o ser humano seja limitado e aprendiz, isso faz parte de sua essência de criatura. Que ele se deixe arrastar pelo mal e se negue a crescer no bem, constitui um paradoxo de sua condição atual.

A originalidade de Maria
O dogma da Imaculada Conceição afirma que o segredo de Maria, a perfeita discípula de Jesus, que respondeu a Deus de maneira total, tem sua raiz na Graça. Ela recebe do Senhor um dom especial. Nasce mais integrada do que nós, com maior capacidade de ser livre e acolher a proposta divina. O fato de Maria ser Imaculada não lhe tira a necessidade de crescer na fé, pois isso faz parte da sua situação de ser humano, que necessita aprender e evoluir.
Maria não nasce prontinha. Também é aprendiz da existência. Há momentos em que ela não entende o sentido pleno dos fatos e das palavras (Lc 2,49-50). E no correr da vida, Jesus a surpreende muitas vezes (Mc 3,31-35). Mas, diferentemente de nós, Maria trilha um caminho sempre positivo, sem falsos desvios ou atoleiros. Maria realiza sua vocação pelo caminho humano da fé, em meio a crises e dificuldades. Ela também teve que fazer correções de rota no correr da vida. Experimentou processos de mudança, de conversão. Não do mal para o bem, mas do bem para um bem maior.Maria é pré-redimida pelo Verbo de Deus. Ela recebe sua graça salvadora numa intensidade maior do que nós, o que lhe dá forças para integrar tendências e pulsões. Conquista assim uma inteireza admirável. Exerce melhor sua missão de perfeita discípula, educadora e mãe do Messias. Com maior liberdade interior, Maria desenvolve profundamente suas qualidades humanas e espirituais, tornando-se criatura santa, não fragmentada, dona de si, aberta a Deus. Portanto, o fato de ser imaculada não a torna menos humana. Ao contrário. Ela realiza a utopia da “nova humanidade”, do ser humano evoluído espiritualmente. A imagem de Maria imaculada necessita ser completada com a da peregrina na fé.

Maria imaculada e nós
Para alguns cristãos, que provam a fragmentação, a força do mal que os domina, a reincidência no pecado, a inconstância na fé, pode ser que Maria Imaculada não seja um modelo operativo próximo. Neste caso, eles podem recorrer ao exemplo de outros santos, que trilhando caminhos tenebrosos, fizeram esforços enormes de conversão e experimentaram uma mudança radical de vida. Para eles, Maria Imaculada não é ponto de partida, mas de chegada. Pois o Deus que cria do nada também recria a partir do caos e das trevas.
Maria Imaculada subverte nosso conceito de “privilégio”. Uma pessoa especialmente dotada, com beleza estonteante, inteligência invejável, saber conquistado, poder ou fama, tende a se distanciar dos outros, a subestimá-los, e a olhar orgulhosamente para si. O privilegiado se torna narcisista: “Espelho meu, existe alguém melhor que eu?” Maria, ao contrário, nos ensina que tudo o que recebemos é dom e se destina a ampliar a rede do Bem, a estender o Reino de Deus sobre a terra. O singular privilégio da Imaculada Conceição é um dom especial, ao qual Maria respondeu com maior intensidade ainda, colocando-o a serviço de Jesus e da humanidade. Tudo o que somos, temos e conquistamos de especial, visa contribuir na construção da “teia da vida”, na qual todos os seres estão intimamente relacionados e são interdependentes.

Fonte:
A. Murad, Maria Toda de Deus e tão humana. Paulinas.
Quadro: Imaculada, de Murillo

OS SINAIS DO SALVADOR - José Luiz Gonzaga do Prado

3º DOMINGO DO ADVENTO
I. INTRODUÇÃO GERAL
Quando dirigimos pelas estradas ou pelas ruas das cidades, encontramos muitos sinais de trânsito. Seria extremamente ridículo a pessoa parar o carro em frente a um sinal verde para admirar aquela cor. O resultado seria uma batida. E se a pessoa parasse para examinar se a placa é de latão ou de madeira, se os símbolos ou as letras estão bem ou mal desenhados? O sinal não é para ser admirado ou discutido, mas para ser entendido e seguido.
Fazemos isso frequentemente com as narrativas de milagres nos evangelhos. Chegamos a pensar que talvez Jesus tenha feito curas e mandado seus discípulos fazer curas como demonstrações de poder em favor dos que nele cressem. Estamos cansados de ver “igrejas” que curam a torto e a direito, não se sabe por quais interesses.
Depois do episódio dos pães no capítulo 6 do Evangelho de João, muitas pessoas vão à procura de Jesus. Ele as acolhe, dizendo: “Vocês me procuram não porque viram sinais, mas porque comeram e ficaram satisfeitos”. O que interessa não é a placa, mas o que ela indica; não é o milagre ou seu resultado, mas o que aquilo significa dentro da mensagem de Jesus.
No evangelho de hoje, reaparece a figura do Batista. Ele manda seus discípulos perguntar a Jesus se este é o Messias esperado e recebe de Jesus os maiores elogios.
A resposta de Jesus é indireta: fala dos sinais que estão acontecendo. Abrir os olhos aos cegos, soltar a língua dos mudos, abrir os ouvidos dos surdos, soltar os braços e as pernas dos entrevados, enfim, dar nova vida aos mortos é o núcleo da missão do Messias.
Nós não esperamos um simples curandeiro; esperamos o Messias, que dá nova vida à multidão cega, muda, surda, inválida, morta.
II. COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Is 35,1-6a.10)
O povo estava no cativeiro. Os inimigos tinham vazado os olhos de alguns, outros estavam mutilados, todos desiludidos e desanimados. O profeta canta de maneira espetacular a esperança de saída do cativeiro e retorno para a própria terra. Será para nós símbolo de uma esperança maior. O caminho da volta é o deserto, tal como o caminho da escravidão do Egito até a Terra Prometida. É um novo êxodo. O caminho é o deserto, mas a certeza da esperança faz do deserto um jardim.
A esperança é a força para a caminhada: nada de braços cansados ou joelhos cambaleantes, nada de medo, coragem! É Deus que vem para salvar! Se o caminho da liberdade e da vida é difícil, é um deserto, a certeza de que a salvação vem de Deus dá força e coragem e transforma o deserto em jardim.
Aí já não haverá cego, surdo, mudo ou pessoas com deficiência física. Estas não apenas vão andar por si: vão pular como cabritos; os mudos vão soltar a voz e cantar um hino. Acabou a cegueira, a mudez, a surdez, a invalidez a que eram submetidos no cativeiro; a libertação que chega faz a todos videntes, ouvintes, falantes, caminhantes, até saltitantes e agentes. Deixam de ser objetos, tornam-se sujeitos, senhores de si. Vivam!

2. II leitura (Tg 5,7-10)Depois de fazer fortes ameaças aos ricos (vv. 1-6), o escrito de Tiago parece se dirigir aos pobres. Para a gente sofrida e cansada, ele fala de esperança, paciência e resistência, confiantes na vinda do Senhor, juiz justo.
A comparação com o agricultor é clara. A certeza do agricultor de que a semente lançada na terra vai produzir frutos é que lhe dá segurança de esperar até o dia da colheita. A natureza não dá saltos, já dizia o antigo ditado, e o agricultor sabe bem disso: por isso, espera tranquilo e seguro.
A expectativa próxima da vinda do Senhor, justo juiz, significa a certeza da vitória da justiça, por mais que demore e por mais que a injustiça pareça prevalecer. Isso leva ao comportamento mais moderado e maduro de quem não se queixa dos outros, atribuindo-lhes os próprios males, mas aguarda seguro o verdadeiro juiz, que está às portas.

3. Evangelho (Mt 11,2-11)
João Batista tinha dito, no texto lido domingo passado, que depois dele viria um mais forte que ele, pronto para cortar e queimar as árvores que não estivessem produzindo e para abanar o cereal, guardar os grãos no celeiro e pôr a palha para queimar. Seria o juiz definitivo e implacável.
O que João ouviu falar de Jesus, entretanto, parece não corresponder exatamente a essa ideia de juiz rigoroso. Donde o sentido da pergunta que ele manda fazer a Jesus: é você mesmo ou virá outro para o julgamento definitivo?
João ouviu falar das curas, sem dúvida, e da compaixão de Jesus pelas pessoas, também pelos pecadores. A resposta de Jesus aponta para esses sinais. Ele primeiro veio salvar, libertar. As curas são sinais da solidariedade com os sofredores e do mais importante de sua missão: abrir os olhos a todos os cegos, mesmo aos que tenham olhos perfeitos; abrir os ouvidos a todos os surdos, mesmo aos que tenham ouvidos perfeitos; fazer andar e agir os inválidos, mesmo os que têm mãos, pés e pernas perfeitos; purificar todos os leprosos, tirar da exclusão social todos os “sujos” postos à margem; enfim, dar vida a todos os que vivem mortos.
Tudo isso se resume numa palavra: anun-ciar a boa-nova aos pobres. Alguém per-gun-tou certa vez por que se fala tanto em evangelizar os pobres, já que eles geralmente estão mais perto da fé do que os ricos. É que “evangelizar” significa levar boa notícia. E que melhor boa notícia há do que fazer os oprimidos ver, ouvir e agir, algo proibido na sua atual situação?
Muitos não gostam disso, de dizer que a missão de Jesus é levar boa notícia aos pobres, levar esperança e força aos que são o refugo da sociedade, abrir os olhos, os ouvidos, a boca aos que são proibidos de fazê-lo. Muitos se escandalizam com a afirmação de que Jesus veio para libertar os oprimidos. Mas Jesus termina: “Felizes os que não se escandalizam comigo!”
Depois que os discípulos de João se afastam, Jesus se dirige ao povo para falar de João. Pergunta inicialmente o que foram ver no deserto e responde: não foram ver um bambu agitado pelo vento, de um lado para o outro, nem alguém vestido com roupas finas. No deserto estava um profeta, mais do que um profeta, aquele que abre os caminhos. “No entanto, o menor no reino dos céus é maior do que ele.” Reino dos céus é o mesmo que reino de Deus, conforme está no texto paralelo de Lucas. Esse reino de Deus aqui se entende como a comunidade cristã. Assim, qualquer membro da Igreja do Novo Testamento é maior do que João Batista.
O reino sofre violência, diz o versículo 12, que segue o trecho do evangelho lido hoje e faz parte da mesma perícope. A afirmação soa um tanto misteriosa. Significa que a comunidade dos discípulos de Jesus é perseguida, vítima de violência? Parece, no entanto, que se trata da violência exigida de quem quer conquistar ou arrebatar2 o reino. É a práxis contra a entranhada mentalidade deste mundo e dos que o dominam. Não significa exercer essa mesma forma de violência, mas vencê-la com firmeza por meio do amor.

III. DICAS PARA REFLEXÃOSerá que estamos prontos para conquistar, raptar, como diz o texto evangélico, o reino de Deus?
A ação de evangelizar os pobres constitui o principal sinal de que Jesus é o Messias esperado pela humanidade. Evangelizar não é impor a alguém um conjunto de doutrinas ou submetê-lo a um enorme código de leis e regulamentos. Evangelizar é levar boa notícia, levar esperança e ânimo a quem precisa, aos pobres, aos sofredores, às vítimas deste mundo.
A um morador de rua, você não vai dizer que ele deve ir à missa todo domingo; você vai dizer que Jesus também era “trecheiro”, não tinha nem uma pedra onde encostar a cabeça.
A boa notícia para os oprimidos pode ser má notícia para os opressores, mas é a mensagem de Jesus. Quando ficamos com medo de magoar os opressores, não nos estamos escandalizando com Jesus?
É preciso saber combinar a ideia do juiz implacável, que separa o que presta – o grão – do que não presta – a palha, que vai para o fogo –, com a ideia daquele que vem curar a todos, abrir os olhos aos cegos, os ouvidos aos surdos e purificar os “sujos”, enfim, trazer boas notícias para os pobres.
Abrir os olhos aos cegos, os ouvidos aos surdos, a boca aos mudos, fazer os inválidos ficar de pé, com o entendimento disso como milagres ou manifestações de poder, em pouco ou nada modifica o nosso comportamento e a caminhada da humanidade. Quando essas coisas são sinais do objetivo de fazer todos se tornarem sujeitos, senhores da própria vida, já incomodam bem mais.
O reino sofre violência. Não é fácil a busca do reinado de Deus. O mais difícil talvez seja desembaraçar-se do reinado do dinheiro e de tudo o que ele oferece. “Só os violentos o arrebatam”, só os fortes raptam esse reinado.
Trata-se da força usada por João, o precursor, que preparou a vinda daquele que haveria de começar o reinado de Deus no mundo. Ele não era um ramo agitado por qualquer vento, nem vestia roupas chiques: era um profeta, já pela própria austeridade e firmeza, e mais do que um profeta, pois preparava os caminhos do Senhor.
Mais violento ainda foi Jesus, ao entregar-se livremente à morte de cruz a fim de rasgar os caminhos para uma humanidade nova. Essa sua violência e o mundo novo celebramos na eucaristia.
Advento não é preparação para comemorar o Natal. Advento é celebrar a chegada do Senhor e reunir forças para arrebatar o reinado de Deus.

Fonte: VIDA PASTORAL.

muindi wa mangala

01/12/2010

culto_cristão

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A PAZ QUE O NATAL NOS TRAZ - Padre Valeriano Paitoni*

Alegrai-vos porque Deus, o Emmanuel (Deus conosco), saiu do armário e nos garante mais uma vez que se fez carne da nossa carne; seja ela amarela, preta, branca, vermelha, pobre, rica, com saúde, doente, soropositiva, soronegativa, é um de nós, é cada um de nós! Toda vez que celebro o Natal me pergunto: por que não conseguimos ainda assimilar essa verdade do nosso ser?

Como será diferente quando conseguiremos nos aproximar de alguém e aceitá-lo assim como Deus nele quis se manifestar para acreditarmos que Deus é essencialmente "AMOR PURO", não porque ELE é heterossexual ou homossexual, mulher ou homem, mas porque é PERDÃO, MISERICÓRDIA, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE, IGUALDADE. Esses são os 'caminhos do Senhor' que João Batista nos convida a preparar na sua pregação profética.

Sendo Deus fonte do universo, Nele tudo e todos cabemos e, salvos, a Ele voltaremos. A Paz que o natal nos traz não consiste na falta de guerras ou num mundo sem armas, mas no ÁGAPE fraterno que consiste no estar juntos à mesma mesa sem fronteiras nem muros, sem preconceitos nem falsos moralismos que alimentam a cultura da morte e constroem as classes dos bons e dos maus, dos santos e pecadores, dos soropositivos e dos soronegativos...

Na longa caminhada que fizemos no campo da AIDS, vimos muito sofrimento, não causado pela doença em si, mas pelos preconceitos promovidos por consciências que de cristão somente tem o nome e que usam a doutrina cristã para destruir e não para construir. São verdadeiros "homens bomba" com o mortífero rótulo cristão!

Vimos também muitos ativistas desanimarem e abandonarem a luta! Que dizer daqueles que se venderam ao poder? Vimos também os que usaram a doença para se enriquecer! Mas apesar de tudo isto o EMMANUEL continua conosco! Que também este Natal seja para todos nós, ativistas ou não, um momento para retomar o caminho da luta pelos direitos humanos que constituem a natureza de Deus, com aquela clareza e vigor dos primeiros anos da luta, quando éramos perseguidos abertamente por alguns religiosos, por políticos inescrupulosos, gente oportunista, sem escrúpulos e aproveitadores, quando éramos expulsos de casas, igrejas, trabalho, lazer...

Não será político nenhum ou religião nenhuma que poderá alimentar o nosso vigor de luta mas somente AQUELE EMMANUEL que um dia disse: "EU VIM PARA QUE TODOS TENHAM VIDA E A TENHAM EM PLENITUDE". E aquelas pedras destinadas a apedrejar a prostituta nas nossas mãos, mudem de rumo para eliminarmos em nossos corações todas as injustiças institucionalizadas, para poder vibrar sempre de puro amor. Um Santo Natal e forte abraço naquele Cristo que SEMPRE ESTA CONOSCO.
*Padre Valeriano Paitoni, missionário da Consolata, é membro da paróquia Nossa Senhora de Fátima, Imirim; membro fundador da Comissão Nacional de DST/AIDS da Pastoral da Saúde da CNBB e presidente da Sociedade Padre Constanzo Dalbézio, mantenedora das Casas de Apoio Siloé e Lar Suzanne, que cuidam de crianças portadoras do HIV/AIDS.

Fonte: Agência de notícias

30/11/2010

Procura-se um Capitão Nascimento - Por: Michel Blanco

P.S.: E alguém acha que depois da apreensão de 44 toneladas
de maconha no Complexo do Alemão vai faltar erva no Carnaval?

Quem esperava um “pega pra capar” na tomada do Complexo do Alemão pelas forças de segurança sentiu-se frustrado. Anticlimática, a ação não correspondeu ao prenunciado em manchetes da véspera, como a do Globo: “Intenso tiroteio entre Exército e tráfico abre Batalha do Alemão”. Assim, com batalha em maiúscula, o diário reforçava a alusão absurda ao desembarque das tropas aliadas na Normandia, inaugurada na manchete da última sexta-feira (“O Dia D da guerra ao tráfico”). Esse é só um exemplo.

Entre o triunfalismo e o sensacionalismo, a cobertura jornalística da operação policial serviu de sela ao discurso oficial, mas também montou sobre um clamor coletivo por justiçamento, desatado em fãs da escola Capitão Nascimento. O que se viu na mídia – digital, eletrônica e impressa – foi a espetacularização dos fatos, em uma busca pelo protagonista de “Tropa de Elite” entre os homens das polícias e das Forças Armadas que subiam o morro, clicados em posição de combate. Acuado pelo fogo cruzado, o pessoal do morro, como de costume, não coube na foto.

Sintoma da disposição da imprensa para o espetáculo revelou-se na escolha das fontes. E lá estava o cineasta José Padilha a comentar a onda de violência que assola o Rio de Janeiro. Sem entrar no mérito da reconhecida competência profissional, a análise de Padilha é tão válida quanto uma palestra de Steven Spielberg sobre a extinção dos dinossauros, como disse uma amiga.

Se havia dúvidas sobre uma excessiva dramatização na cobertura jornalística, elas se desfizeram com as imagens dos bandidos presos no Alemão, exibidos na TV como troféus. Caso de Eliseu Felício de Souza, o Zeu, um dos condenados pelo assassinato do repórter Tim Lopes, em 2002. O finado “Aqui Agora”, do SBT, pareceu servir de referência ao autoelogiado padrão Globo de jornalismo. Revanchismo? Outras emissoras seguiram o mesmo caminho, e algumas se lambuzaram a valer, como a Band.

A chegada dos blindados das Forças Armadas foi saudada nos jornais com manchetes de uma guerra a ser vencida, em meio a um tom geral de “agora sim”. O emprego dos militares foi decisivo para o sucesso da operação, inclusive para que não se transformasse em um banho de sangue. Fato. Mas a participação do militares não é inédita no Rio e falta uma discussão séria sobre eventuais riscos do envolvimento das Forças Armadas em ações policiais. Alguém lembrou o que aconteceu no morro da Providência, há apenas dois anos, quando militares entregaram três rapazes para traficantes do morro da Mineira?

Jogando pra galera, a imprensa escolheu o caminho fácil da luta do “bem” contra o “mal”: forças de segurança de um lado, bandidos do outro. Atribuiu a onda de arrastões e carros incendiados a uma reação de traficantes às Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), ignorando que as milícias — policiais, bombeiros e até soldados envolvidos em tráfico de drogas e armas, extorsão e ‘gatos‘ de toda espécie, de gás a TV a cabo — são  tão ou mais resistentes que os traficantes às UPPs (um ótimo projeto, diga-se).

O problema é que, no confronto do Rio, não existe a polaridade entre bem e mal apregoada na dramatização midiática, ante o elevado grau de corrupção e envolvimento de agentes da lei com o crime organizado – noves fora a perpetuação de métodos truculentos. A ficha caiu até para o Capitão Nascimento. Mas na cobertura do tal “Dia D”…

Infelizmente, não começamos a vencer o crime no último domingo, como festejou a imprensa. Estamos longe, e só chegaremos lá quando soubermos dizer quem realmente é polícia e quem é bandido. Ou pelo menos identificarmos entre os mortos da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão quem portava um fuzil ou apenas carregava um guarda-chuva.

P.S.: E alguém acha que depois da apreensão de 44 toneladas de maconha no Complexo do Alemão vai faltar erva no Carnaval?

Fonte: YAHOO.

29/11/2010

Censo 2010 indica que existem 190,7 milhões de pessoas no Brasil

Os dados do Censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira, apontam que existem 190.732.694 pessoas no Brasil. Na última década, a população aumentou 12,3%, o que, em números absolutos, significa 20.933.524 pessoas. O crescimento foi inferior ao registrado entre 1991 e 2000, quando a população aumentou 15,6%.

O Censo 2010 mostra também que a população está mais urbanizada que há 10 anos. Em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas, agora são 84%.

Em Porto Alegre, foram registrados 1.409.939 de pessoas de acordo com o Censo deste ano. Entre 2000 e 2010, a população da capital gaúcha aumentou 3,63%.

A região Sudeste continua sendo a região mais populosa do Brasil, com 80.353.724 pessoas. Entre 2000 e 2010, perderam participação as regiões Sudeste (de 42,8% para 42,1%), Nordeste (de 28,2% para 27,8%) e Sul (de 14,8% para 14,4%). Por outro lado, aumentaram seus percentuais de população brasileira as regiões Norte (de 7,6% para 8,3%) e Centro-Oeste (de 6,9% para 7,4%).

Entre as unidades da federação, São Paulo lidera com 41.252.160 pessoas. Por outro lado, Roraima é o estado menos populoso, com 451.227 pessoas. Houve mudanças no ranking dos maiores municípios do país, com Brasília (de 6º para 4º) e Manaus (de 9º para 7º) ganhando posições. Por outro lado, Belo Horizonte (de 4º para 6º), Curitiba (de 7º para 8º) e Recife (8º para 9º) perderam posições.

Os resultados mostram que existem 95,9 homens para cada 100 mulheres, ou seja existem mais 3,9 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. Em 2000, para cada 100 mulheres, havia 96,9 homens. A população brasileira é composta por 97.342.162 mulheres e 93.390.532 homens.

Fonte: ZERO HORA

Desconstruir o preconceito contra o nordestino - Por Eduardo Sales de Lima

Casos de intolerância contra nordestinos mostram como setores
 da sociedade agem para proteger a estrutura social da qual fazem parte.
              A estudante de direito Mayara Petruso clamou, por meio de uma rede social na internet, por um assassinato em massa. "Nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado!". A moça proferiu isso por conta da vitória de Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais, atribuindo sua vitória ao voto dos nordestinos.

A atitude dela, entretanto, apenas traça uma caricatura histórica de alguns setores da sociedade brasileira, especialmente o sulista. É de muito que a infelicidade do preconceito encontra eco nas classes médias e elites do país.

Um exemplo disso. Diogo Mainardi, no artigo "Com Dilma, o PT chega em quinto", escrito para a revista Veja, esbaldou-se da visão racista do jornalista carioca Euclides da Cunha (autor de Os Sertões, morto em 1909) para criticar o povo brasileiro e nordestino.

Diz o texto de Mainardi: "analisando a campanha de Canudos, Euclides da Cunha delineou perfeitamente o caráter nacional". O articulista de extrema-direita, ao criticar a vitória de Dilma Rousseff e a continuidade do governo petista, capitaneado com relativo sucesso por um pernambucano, afirma que Euclides da Cunha compreende a mente e o comportamento dos brasileiros quando assemelha os seguidores de Antônio Conselheiro a "retardatários", dotados de uma "moralidade rudimentar" e com uma série de "atributos que impediam a vida num meio mais adiantado e complexo".

Construção
Como testemunha viva da história recente brasileira, o sociólogo pernambucano e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) Chico de Oliveira, que trabalhou na Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) ao lado do economista Celso Furtado, cita um exemplo e elucida ainda mais o papel de figuras da elite brasileira e paulista na construção do preconceito em relação aos nordestinos.
Eu ouvi de Júlio de Mesquita Filho, na minha cara e na cara de Celso Furtado, há quarenta anos, num seminário promovido aqui em São Paulo, dizer que os esforços para desenvolver e industrializar o Nordeste eram em vão, porque o nordestino não tinha mentalidade para a indústria", conta. Tratava-se, segundo Chico, de uma afirmação, antes de tudo, racial. "Era um líder do jornal Estado de S. Paulo, e o pior é que o Estadão fez a cabeça de metade dos paulistas", diz.

De fato, anos após a infeliz manifestação de Júlio de Mesquita Filho, ou das ponderações de Euclides da Cunha em Os Sertões, o preconceito contra o nordestino arraigou-se não apenas na elite, segundo comprova a recepcionista baiana Juciara Nascimento da Silva, de 25 anos, que vive no bairro do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, há seis anos.

Logo que chegou a São Paulo (SP), Juciara cursou o primeiro ano do ensino médio no Colégio Davi Aguiar Dias, no bairro onde mora. Ela revela que o fato de ser baiana e negra foi primordial para ser um dos alvos principais de gozação da turma. "Me chamavam de 'nega preta' e 'nega encardida'; eu queria voltar para minha casa, na Bahia, e não ir mais para a escola", conta.

Como o preconceito é, sobretudo, ideológico, segundo nos afirma a ex-prefeita de São Paulo e atual deputada federal reeleita pelo PSB (SP), Luiza Erundina, nem sempre ele aparece de forma explícita. "As próprias piadas e certas reações jocosas, aparentemente inofensivas, são expressão desse preconceito arraigado e incorporado em nosso comportamento", salienta Erundina. Segundo ela, que é paraibana, ninguém está isento disso: "até mesmo nós, eventualmente vítimas desse tipo de comportamento, nos pegamos tendo reações que o reafirma", pontua.

Desconstrução
Luiza Erundina pondera que os últimos atos de agressividade empenhados contra nordestinos - surgidos, sobretudo, no estado de São Paulo -, como o da estudante de direito, ocorrem em momentos mais "agudos" da história, de mudança. Ela lembra que o Brasil foi governado por oito anos por Lula, e, agora, terá como presidente uma mulher. Para a deputada, acontecimentos que fogem dos padrões provocam manifestações ideológicas, de intolerância contra o diferente - "do ponto de vista de raça, de gênero, de origem, de classe social" - que "ousa ocupar espaços historicamente ocupados por determinados segmentos da sociedade".

Veio, então, uma sacada, com o fim de reforçar a desconstrução do preconceito contra o nordestino. Segundo conta Erundina, ela nunca se sentiu diminuída ou humilhada por sofrer preconceito. Ao contrário. "Fiz dessas questões das quais eu era vítima um pretexto para reforçar minha participação na luta contra o preconceito e a discriminação", salienta.

Para ela, "se ficarmos recolhidos, vitimizados ou diminuídos, estaremos contribuindo para a reprodução dessa cultura que precisa ser mudada. E cultura não se muda nem por lei, nem por vontade de um e de outro, mas é uma mudança de mentalidade de uma maioria de determinada sociedade", explica a paraibana.
A baiana Juciara engrossa o coro com a ex-prefeita e atesta que, quando retornar à sala de aula para completar o segundo e o terceiro anos do ensino médio, nenhum tipo de ato preconceituoso vai incomodá-la.

O conselho da paraibana à baiana e a todos os brasileiros afeitos à tolerância é: "temos que ter paciência histórica, como dizia Paulo Freire, e não nos sentir diminuídos; temos que travar essa luta".

Fonte: Adital.

28/11/2010

Cadáver Insepulto - Alfredo J. Gonçalves , CS*

      Formas de violência inéditas e imprevistas, pela sua ousadia e criatividade, se multiplicam pelos grandes centros urbanos. Nas últimas semanas, a metrópole do Rio de Janeiro tem sido o cenário principal de inúmeros atos violentos, numa sequência e criatividades sem precedentes. Mas, em maior ou menor grau, eles se estendem igualmente a outras capitais e até às cidades médias e pequenas. Lamentável que, em se tratando do Rio de Janeiro, algumas autoridades e não poucos analistas preocupam-se em primeiro lugar com o risco ao turismo e com as implicações para a realização da Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016). Felizmente, para outros, o que está em primeiro lugar é a normalidade da vida e trabalho da população que habita as favelas e periferias da "cidade maravilhosa".
   De um ponto de vista mais abrangente, a violência urbana ganha proporções inusitadas e assustadoras. A guerra entre as forças de segurança, a polícia civil ou militar e o exército, por um lado, e os comandos do narcotráfico e do crime organizado, por outro, continua semeando cadáveres pelo asfalto e pela calçada. As vítimas fatais se constituem, em geral, de jovens ceifados antes dos 25 anos, soldados no cumprimento de seu dever e civis atingidos na trajetória cotidiana. Isso sem falar do pânico da população, que se agrava com os carros incendiados, com os arrastões, com os tiroteios cruzados e com as balas perdidas...(continue lendo)

* Alfredo J. Gonçalves, CS, superior provincial dos missionários carlistas e assessor das pastorais sociais.

Fonte: Revista missoes

Droga de combate

"Qualquer um entende que quando um território cai sob tutela de um poder paralelo, como está acontecendo no Rio, com economia própria, exército próprio, e justiça própria, que resiste a medidas de policiamento e enquadramento por parte do Estado, já não estamos em face de crime comum", escreve José de Souza Martins, sociólogo, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 28-11-2010.
Segundo ele, "a desordem da sociedade da favela está criando uma cultura, que é a cultura do medo, da falta de esperança, da falta de certeza, a cultura da dúvida e do duvidoso. Nenhuma sociedade se constitui com base nessas referências precárias".
Eis o artigo.

23/11/2010

Brasil tem um terço dos portadores de HIV na América Latina, diz ONU

Segundo relatório, país tem entre 460 mil e 810 mil contaminados.
Cerca de um terço dos portadores do vírus HIV na América Latina são brasileiros, segundo aponta um estudo sobre a epidemia global de Aids divulgado nesta terça-feira pela ONU.

A pesquisa, realizada pelo programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids), também indica que 1,2 milhão de anos de vida de pacientes contaminados pelo HIV foram ganhos no Brasil entre 1996 e 2009, graças ao tratamento antirretroviral.

No entanto, segundo o estudo, a projeção do número de pessoas contaminadas com o vírus no Brasil cresceu nos últimos anos, ficando entre 460 mil e 810 mil pessoas em 2009, contra um mínimo de 380 mil e um máximo de 560 mil em 2001.

Entre 360 mil e 550 mil dos infectados com HIV no Brasil têm 15 anos ou mais, segundo informa o relatório. Já o número de mulheres adultas contaminadas no país em 2009 ficou entre 180 mil e 330 mil.
O número de mortes relacionadas à Aids no Brasil ficou entre 2 mil e 25 mil em 2009, contra um mínimo de 7,2 mil e um máximo de 24 mil em 2001. Já o número de novas infecções em 2009 se situou entre 18 mil e 70 mil.

A pesquisa indica ainda que o Brasil é um dos países de média e baixa renda com melhor situação em termo
de prioridade de investimento para a prevenção do HIV. Entre zero e um, o país obteve uma nota 0,8 no índice.

A estimativa do número de infectados com o HIV nas Américas do Sul e Central cresceu pouco nos últimos anos, passando de algo entre 1 milhão e 1,3 milhão em 2001 para entre 1,2 milhão e 1,6 milhão em 2009.
Números globais

O número estimado de portadores do HIV em todo o mundo, segundo a Unaids, é de 33 milhões de pessoas. Em 2009, foram registrados 2,6 milhões de novos casos - uma redução de 19% em relação ao pico da epidemia, em 1999.

Já as mortes relacionadas à Aids no mundo ficaram em 1,8 milhão em 2009, uma queda em relação aos 2,1 milhões de 2004.

Segundo o estudo da ONU, o número de portadores do HIV com acesso a medicamentos antirretrovirais no mundo cresceu de 700 mil pessoas em 2004 para mais de 5 milhões em 2009.

A região da África subsaariana continua sendo a mais afetada pela epidemia no mundo. Estima-se que cerca de 70% das novas contaminações pelo vírus da Aids ocorram nesta parte do mundo.
O relatório considera que a epidemia global de Aids foi revertida e está em tendência de queda. A questão mais importante, para a Unaids, é atingir as metas de 'zero discriminação, zero novas infecções pelo HIV e zero mortes relacionadas à Aids'.

Fonte: O GLOBO

17/11/2010

União e consciência negra - Marcelo Barros*

No Brasil, esta semana começa pela recordação do dia em que foi implantada a República (15 de novembro) e se encerra com o dia consagrado à União e Consciência Negra. Segundo historiadores recentes, no Brasil, a mudança da Monarquia para a República aconteceu quase por engano ou por acaso. Não era a opção profunda do Marechal Deodoro e de seus companheiros. E não significou uma verdadeira transformação da forma de exercer o poder que continuou com as elites (Cf. Fábio Konder Comparato em Caros Amigos, nov. 2010). O segundo fato recordado nesta semana ocorreu em 20 de novembro de 1696.
 
Neste dia, Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra contra a escravidão, foi martirizado. Atualmente, em várias cidades, este dia é feriado e conclui uma semana de comemorações culturais. Uma criança perguntou à mãe se união t em cor e o que significa "consciência negra". A unidade das raças e a igualdade entre os seres humanos supõe que cada cultura e cada povo tenha consciência de sua dignidade. Chama-se "consciência negra" o fato das pessoas afro-descendentes assumirem sua identidade cultural, conscientes do imenso valor de sua cultura, para contribuir com as outras na riqueza intercultural do Brasil.

 
A comemoração anual da memória do Zumbi é importante em um Brasil que ainda mantém uma herança de forte desigualdade social. Em inúmeros casos, na realidade brasileira, ser negro é quase sinônimo de ser pobre e ter menos acesso à escolaridade e ás condições sociais de outros brasileiros. José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, afirma: "A cor negra da pele de homens e mulheres, assim como sua raça e cultura própria, foram motivos de crueldade humana e de barbárie que mancharam e continuam manchando a dignidade da humanidade" (Carta Capital, 12/11/2008,p. 60).
 
Por isso, são sempre importantes e oportunos os programas que fomentam a igualdade de condições e a integração social de negros e brancos. Conforme a Constituição B rasileira, devem ser respeitadas e valorizadas as comunidades remanescentes de Quilombos. São grupos que, desde os tempos da escravidão, reúnem negros, seus aliados e descendentes, em uma comunidade com cultura e valores próprios. Eles devem ter direito à terra coletiva e merecem das autoridades públicas a proteção e o apoio necessários. Estas comunidades estão organizadas em quase todos os estados e somam mais de dois mil grupos e comunidades. Algumas delas mantêm elementos de idioma, de danças e costumes ancestrais que são de uma riqueza incalculável para todo o Brasil.


Uma das mais profundas riquezas das culturas afro-descendentes é a espiritualidade viva e bela das comunidades negras. A Mãe África permanece viva e atuante na memória religiosa dos seus filhos e filhas. Para ser escravas nos diversos países da América, foram seqüestradas pessoas de diferentes áreas do continente africano. Para evitar rebeliões, os senhores separavam os escravos vindos do mesmo clã ou região. Misturavam etnias. Proibiam que falassem as suas línguas e praticassem as suas religiões. Mesmo impedidos de saber onde estavam outros membros de sua família, também seqüestrados, os afro-descendentes conseguiram manter as línguas, contar a seus filhos as histórias dos seus antepassados, guardar as canções da Mãe-África e reconstituir muitas expressões culturais e religiosas. Só podiam cultuar à noite, enquanto os brancos dormiam.

Como objetos de c ulto, só possuíam seus corpos, suas vozes e os terreiros das senzalas, seus templos. Foram obrigados a adaptar antigos costumes da África às novas condições de clima, ao pouco tempo livre de que dispunham e à sua extrema pobreza. Fundiram costumes religiosos, adaptaram mitos e elaboraram oralmente uma explicação religiosa do mundo e da sua história. Esta teologia narrativa deu origem a religiões novas como o Candomblé, o Batuque, o Tambor de Minas, a Santeria cubana e o Vodu haitiano. Durante séculos, de geração em geração, se transmitiram ritos, cânticos e histórias ancestrais.

Um Cristianismo, testemunha de que Deus é amor e inclusão, não pode deixar de respeitar e valorizar estas religiões que, na história, foram responsáveis pela resistência dos nossos irmãos e irmãs negras em meio a um sofrimento tão intenso e continuado. A base da fé cristã é que a Palavra divina se fez carne e se revelou no meio de nós através da pessoa de Jesus de Nazaré que assumiu toda a condição humana e todas as culturas com seus valores para revelar em tudo o que é humano a presença divina. Nós somos chamados a continuar este caminho de reverência amorosa e delicadeza no diálogo e na colaboração com as outras religiões e culturas.

Fonte: Adital
* Monge beneditino e escritor

08/11/2010

Espiritualidade do Allamano - Por Seminário Teológico*

Neste ano de 2010, nós, missionários da Consolata, temos como especial protetor o próprio Pai Fundador, bem-aventurado José Allamano, fundador dos missionários e missionárias da Consolata. Entre as motivações estão os 20 anos de sua beatificação (07 de outubro de 1990) e o centenário das missionárias da Consolata (29 de janeiro de 1910). No boletim oficial nº 128 (dezembro de 2009), o Pe. Aquiléo Fiorentini, superior geral imc, recordava que “também hoje José Allamano nos garante a coerência com a nossa finalidade especificamente missionária e com o nosso estilo de vida, indicando-nos o modo de a concretizar, de acordo com o seu espírito, nas situações novas que temos de enfrentar, sem o modificar no que é essencial”.

Nesta perspectiva, o Seminário Teológico Pe. João Batista Bísio, em São Paulo, Brasil, está refletindo sobre alguns aspectos da Espiritualidade Allamaniana que nos ajudam a pensar sobre a vivência de nossa fé e carisma na atualidade. Remetemos estes textos aos missionários, missionárias, leigos/as missionários da Consolata e a todos os interessados/as em refletir e aprofundar alguns aspectos do pensamento allamaniano.

Convidamos a todos para acompanhar, semanalmente, alguns aspectos que publicaremos. Entre vários elementos que poderíamos refletir, buscaremos ressaltar: santidade e missão; atitudes rumo à santidade; vocação missionária; formação missionária; o mistério de Maria na missão de Jesus; amor como em família; entre outros…

Nosso desejo é de que possamos contribuir na reflexão atual de atualizar e re-valorizar o pensamento de nosso Pai Fundador na perspectiva deste ano e da vida da Igreja, que busca cada vez mais modelos para a vivência da fé.
Que o bem-aventurado José Allamano nos ilumine em nosso caminhar missionário…


Oração:
Senhor, nós vos damos graças pelo nosso Fundador, o bem-aventurado José Allamano. Como pai e mestre, ele nos ensinou a ser missionários em espírito de família e santidade de vida.Ajudai-nos a viver com fidelidade e ardor a nossa consagração missionária na partilha do mesmo carisma, no amor fraterno e no zelo apostólico.Ensinai-nos a anunciar a todos que vós sois Pai e chamais cada pessoa, cada povo e cada cultura a fazer parte do vosso projeto universal de salvação. Amém!


Fonte: Consolata missionários e missionárias
*Seminário Teológico Pe. João Batista Bísio

06/11/2010

Brazilian Sister Dulce to Be Beatified Soon

The archbishop of Salvador announced last week that Sister Dulce, a Brazilian religious who dedicated her life to the poor, will be beatified soon.

Cardinal Geraldo Majella Agnelo made this announcement Oct. 27 at the headquarters of Obras Sociais Irma Dulce (The Charitable Works Foundation of Sister Dulce) in Salvador. He said that before the end of the year the beatification process will be completed and the date of the ceremony will be made known.

The archdiocese reported that last week, a scientific commission of the Holy See approved a miracle attributed to the intercession of the religious, which was a decisive step for the process of beatification. The decree on the miracle was submitted to Benedict XVI, and is pending his approval.

The cardinal explained that Sister Dulce is an example for Christians, and that her life history is what justifies her beatification and the process of canonization.

He said, "Every saint is an example of Christ, as it was in [Sister Dulce's] case; that daily dedication throughout her life to the poor and the suffering."

The beatification cause of Dulce Lopes Pontes (born Maria Rita), a Brazilian sister of the Congregation of the Missionary Sisters of the Immaculate Conception of the Mother of God, was initiated in January, 2000 by Cardinal Agnelo. The following year, the process was handed over to the Congregation for Saints' Causes.

Sister Dulce, a native of Salvador, died in 1992 at age 78. She carried out a vast work of assistance to the poorest, especially in the field of health case.

In 1988 she was proposed as a candidate for the Nobel Peace Prize. In 1991, already on her deathbed, she was visited by Pope John Paul II during the Pontiff's second trip to Brazil.

Fonte: Zenit

04/11/2010

OS SANTOS PREPARAM O REINO - Por José Luiz Gonzaga do Prado

32º DOMINGO TC. / TODOS OS SANTOS
INTRODUÇÃO GERAL
A Solenidade de Todos os Santos é tão importante, que tem precedência sobre o domingo do tempo comum. Celebra todos os santos, não só os canonizados. A canonização de um santo é algo custoso em todos os sentidos, e muitos e muitos de nossos pobres perseguidos, que contribuíram fortemente para o advento do reinado de Deus no mundo, não deixaram recursos suficientes para serem canonizados. De dom Oscar Romero, ainda não canonizado em razão de protelações no processo, até as humildes, analfabetas e desconhecidas donas Sebastianas, todos os santos são comemorados hoje.
Eles mereceram ser assinalados para que escapassem da segunda morte, a morte definitiva. Os trabalhos de sua vida, quando não sua morte em favor das vítimas deste nosso mundo, uniram-nos ao sangue do Cordeiro e deram-lhes a faixa de campeões e o troféu da vitória. Viveram como fiéis filhos de Deus. Essa grandeza de serem filhos de Deus, a qual procuraram preservar contra tudo e contra todos, agora se abriu, como o botão de uma rosa, na glória de Deus. Entre eles, pobres e perseguidos que enxugaram as lágrimas dos que choravam, mataram a fome dos famintos da verdadeira justiça, tornaram senhores os que não eram ninguém neste mundo. Fizeram a sua parte, construíram a verdadeira paz.
COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS

I leitura (Ap 7,2-4.9-14)
O livro do Apocalipse foi escrito para dar esperança a comunidades cristãs da Ásia Menor, comunidades pobres e vítimas de perseguição. Eram perseguidas por não adorarem o império.
Em cidades da Ásia Menor é que tinha surgido o primeiro templo dedicado à deusa Roma, ali é que estava “o trono de satanás”, o lugar onde se cultuava a imagem do divino imperador, o “deus acessível”. Quem participava desse culto recebia uma marca que lhe abria todas as portas. Quem não participava, além de excluído, poderia ser até mesmo condenado à morte. Os cristãos não participavam e por isso eram marginalizados e perseguidos.
Chamava-se João o missionário itinerante que animava essas comunidades, incentivando-as a não ceder ao culto do império. Por isso ele foi preso na ilha de Patmos e de lá envia o escrito, numa linguagem que os pobres e perseguidos poderiam entender e as autoridades do império não. Dá-lhes ânimo e aumenta-lhes a autoestima.
No trecho que vamos ouvir na primeira leitura de hoje, ele fala de uma visão do céu. Multidões, milhares de cada clã (12), de cada uma das doze tribos (12x12=144) do povo hebreu que não cederam ao culto imperial, recebem outra marca que não os deixa ser vítimas do castigo que virá para os opressores. Além deles, estão presentes também as multidões incontáveis dos santos de todas as outras tribos e nações.
Todos são vencedores, vestem mantos brancos, a cor dos vencedores nas competições esportivas – poderíamos dizer hoje: trazem a faixa de campeões –, e têm o troféu, a palma, nas mãos. Não cultuaram Roma e o imperador, agora cultuam a Deus e ao Cordeiro. De onde vieram eles? Vieram da grande tribulação, a pobreza unida à exclusão social e à perseguição. Sua morte, seu sangue, unida ao sangue, morte, do Cordeiro, deu-lhes o manto branco da vitória. A resistência até a morte deu-lhes a vidasem fim.
II leitura (1Jo 3,1-3)
Os que nós chamamos de santos e hoje celebramos são os nossos irmãos que estão na glória. Como diz a segunda leitura de hoje, a graça de ser filhos de Deus, o botão que estava dentro deles, já se abriu em flor. Essa graça, esse dom de amor do Pai em nosso favor, faz-nos diferentes, como o mundo distante do Pai não é capaz de entender.
Falta-nos hoje apenas aquilo que não falta aos santos que celebramos: ver Jesus Cristo. Só nos falta o ver segundo o conceito joanino de experimentar, conviver, ter comunhão plena com o Filho, Jesus. Isso nos tornará totalmente semelhantes a ele. E é essa convicção que nos faz manter-nos distantes do mal, tal como ele fez e como todos os santos fizeram.
Evangelho (Mt 5,1-12a)
Um detalhe, geralmente não observado na maioria das traduções, faz grande diferença na interpretação do evangelho de hoje. Trata-se da primeira frase. Em geral, dizem as traduções: “Vendo as multidões”. O tempo do verbo grego utilizado (aoristo), porém, pede que se traduza: “Tendo visto as multidões, Jesus subiu à montanha...”. Foi porque viu aquelas multidões que Jesus subiu à montanha e passou a dar a instrução aos discípulos, como Moisés, da montanha, deu ao povo a Lei ou Instrução de Deus. À vista das multidões, ele faz o Sermão da Montanha.
Que multidões eram essas? Eram as multidões de sofredores da Judeia e da Galileia, como também de fora, que, no final do capítulo 4, vinham buscar em Jesus uma solução para os seus problemas. Podemos dizer que são toda a humanidade sofredora. Por causa dela, para benefício dela, Jesus se senta como mestre, rodeado pelos discípulos, sobre uma montanha que lembra o monte Sinai. Ele instrui os discípulos não para que estejam voltados para o próprio umbigo, mas para que cuidem das multidões sofredoras que acorrem de toda parte.
Isso ajuda a entender a instrução. Notar que, das oito bem-aventuranças básicas, a primeira e a última se referem ao tempo presente: “deles é o reino dos céus”.
É preciso ter bem claro que “reino dos céus” não é o céu, a glória eterna. “Reino dos céus”, frequente no Evangelho de Mateus, é o mesmo que reino ou reinado de Deus. Ele começa aqui na terra, onde o que se liga ou desliga é confirmado no céu; assemelha-se ao campo de terreno bom e terreno ruim, à rede que pega peixes bons e maus, à lavoura onde o joio se mistura ao trigo. Só o respeito judaico pelo Nome o faz ser substituído pela palavra céus. A eles, aos pobres e aos perseguidos, pertence, portanto, o reinado de Deus, que tem início aqui na terra.
Os primeiros são os “pobres por espírito”, isto é, por força interior, por convicção, e os últimos são os “perseguidos por causa da justiça”, perseguidos por buscarem a justiça do reinado de Deus, tema caro a Mateus. Assim, os pobres e os perseguidos, de certo modo, identificam-se. E quem diz que aquele que aceita a pobreza, que não faz caso do dinheiro, não incomoda e não sofre por isso? Mas desses é o reinado de Deus; eles é que estabelecem o reinado que não é dos césares nem do dinheiro. São os santos que hoje celebramos.
Nas bem-aventuranças seguintes estão as consequências disso. Os que agora estão chorando mais adiante vão parar de chorar, serão consolados. Os que têm fome e sede de ver acontecer a verdadeira justiça hão de matar essa fome. Os carentes, em geral traduzidos por “mansos”, os que não são ninguém, que não têm vez nem voz, serão senhores, serão os donos da terra.
Na sequência, outras três bem-aventuranças: os que colaboram, ou seja, os que têm misericórdia, os que têm intenções retas (“coração puro”) e os que promovem a paz ou felicidade plena também terão sua recompensa. São a quinta, a sexta e a sétima bem-aventurança.
Voltando-se depois para os discípulos, nós e os santos hoje festejados, Jesus nos diz felizes porque perseguidos. É pena que o Lecionário tenha cortado o final do v. 12, que dá o motivo da bem-aventurança da perseguição: “porque foi assim que sempre trataram os verdadeiros profetas”. Quem não é perseguido, quem não incomoda os senhores deste mundo, sejam pessoas ou instituições, não é profeta, não é santo.
DICAS PARA REFLEXÃOSão oito as bem-aventuranças. Oito está além da plenitude, que é o sete. Oito é Jesus Cristo, só ele vai além da plenitude. Ele é o primeiro pobre por opção e o primeiro mártir, o primeiro perseguido. Só ele põe os fundamentos do reinado de Deus. Só ele tira os pecados do mundo. Na cruz, o príncipe deste mundo, o que manda neste mundo, é posto para fora.
Nossos irmãos, os santos, “lavaram seus mantos no sangue do Cordeiro”, alcançaram a vitória, assemelhando-se à pobreza e à perseguição de Jesus.
Quando, na eucaristia, celebramos a morte do Cordeiro pascal, com ele celebramos o martírio, os trabalhos e a pobreza dos santos de ontem e de hoje. O pão e o vinho partilhados, que celebram o horizonte da comunhão perfeita e plena, sem lágrimas, sem fome e sem exclusão, significam também a pobreza de quem se parte em pedaços e a coerência que torna capaz a resistência à mais cruel perseguição.
Feliz não é o rico, o que tem tudo, mas não tem a si mesmo, pois pertence ao seu dinheiro.
Feliz não é o elogiado por todos, o aprovado por todos os poderosos do mundo, aquele que por ninguém é perseguido, porque nada tem para dizer, em nada colabora, nada acrescenta, só sabe negar-se a si mesmo e à própria consciência para agradar aos que podem. Parece agradar a todos, só não agrada a si mesmo.
Felizes são o pobre e o perseguido, e, com eles, muitos outros também serão felizes. Isso é ser santo.

Fonte: VIDA PASTORAL.

03/11/2010

A noção de sexo entre iguais é uma contribuição lésbica ao pensamento ocidental - Por IHU Online

A teóloga feminista Mary Hunt é co-fundadora e co-diretora da Women's Alliance for Theology, Ethics and Ritual (WATER) em Silver Spring, Maryland, USA. Mulher participante nos movimentos de mulheres da Igreja Católica, ela colabora e escreve sobre teologia e ética. Hunt aceitou conceder uma entrevista exclusiva para a revista IHU On-Line no intuito de contribuir com o debate que levantamos na matéria de capa da edição desta semana: diversidade sexual.

IHU On-Line - O que a senhora entende por teologia lésbica feminista? O que distingue essa teologia?

Mary Hunt
- A teologia feminista é uma reflexão crítica em experiência da perspectiva daqueles que priorizam o bem-estar das mulheres e crianças dependentes em um mundo injusto. Lésbicas (e devo acrescentar libertação, que deixa clara a marginalização, mulheres excluídas, especialmente mulheres lésbicas) têm uma importante perspectiva que precisa ser incluída na reflexão teológica. Não há grande coisa que essa teologia tenha escrito ainda. Eu, por exemplo, escrevi um artigo intitulado “Teologia feminista lésbica”, p. 319 – 334  reivindicando que alguns assuntos que precisam de atenção são expressão sexual lésbica, maternidade compartilhada, chamada lésbica à santidade. Meu texto é mais um esboço para um retrato do que um produto acabado, mas ajuda a apontar onde o trabalho precisa ser feito.

Bernadette Brooten  produziu textos úteis sobre mulheres lésbicas no período do cristianismo antigo, argumentando que foi a falta de uma parceria dominante/submissa na presença de duas mulheres que fez da prática sexual lésbica uma prática transgressiva. O padrão comum era, claro, um homem dominante e uma mulher submissa, ou até um homem dominante (normalmente mais velho) e um homem submisso (normalmente mais novo). Poder-se-ia argumentar que a noção de sexo entre iguais é uma contribuição lésbica ao pensamento cristão ocidental.

IHU On-Line - Existe uma exclusão da experiência lésbica na teologia moral católica sobre homossexualidade?

Mary Hunt
- A maioria das teologias católicas sobre homossexualidade é baseada na experiência, na anatomia e no agenciamento masculino. Existem algumas referências em cartas recentes de bispos norte-americanos, por exemplo, de lésbicas junto com homens gays, mas que eu saiba não há, virtualmente, nenhuma referência específica à expressão sexual lésbica. (Continue lendo...)

“O natural não é ser homem ou mulher”. A dissolução da identidade - Por Márcia Junges

Para a historiadora Margareth Rago,
o pensamento do filósofo francês pode nos ajudar a
compreender as pessoas sem catalogá-las através de “etiquetas sexuais”.
Afinal de contas, não se nasce homem ou mulher, afirma.

Mais do que deixar de lado a identidade, e dividir a população pura e simplesmente entre homens e mulheres, Michel Foucault e o movimento queer nos inspiram a dissolvê-la, a conviver com o incerto, o inclassificável e o inominável. “É muita falta de criatividade de nossa parte ficar catalogando, classificando as pessoas”, alfineta a historiadora Margareth Rago, na entrevista que concedeu, por telefone, à IHU On-Line. Além disso, continua, essa necessidade de rótulos revela “uma tremenda insegurança”, que só reitera a exclusão, o estigma, o sexismo, o racismo e o ódio. É por isso que o transgênero assusta tanto, avalia Rago. “Ele foge às etiquetas com as quais estávamos acostumados a distribuir e identificar as pessoas. O natural não é ser homem ou mulher”.

As conquistas e desafios do feminismo são outro tema debatido na entrevista. Para Rago, vivemos profundas transformações nas relações de gênero, mas ainda há muito em que progredir. A violência de gênero, por exemplo, não diminuiu, mas ganhou visibilidade na mídia. Por outro lado, homossexuais e mulheres deixaram de ser tão estigmatizados e já têm espaços conquistados e garantidos a cada dia. Aquele pensamento de que a mulher era um ser inferior, impedido de certas profissões e marcado por comportamentos muito mais emocionais do que racionais ruiu há tempo, garante Rago. Já os homossexuais, tidos como anormais e patológicos no passado, hoje têm mais espaço e respeito na sociedade.

Graduada em História pela Universidade de São Paulo (USP), Margareth Rago é mestre e doutora em História pela Universidade de Campinas (Unicamp) com a tese Os Prazeres da Noite. Prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo, 1890-1930 (2ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008). É pós-doutora e livre-docente pela Unicamp, onde é professora. Entre outros, é autora de Foucault: para uma vida não fascista (Belo Horizonte: Autêntica, 2009), Feminismo e anarquismo no Brasil. A audácia de sonhar (Rio de Janeiro: Achiamé, 2007) e Do Cabaré ao Lar. A utopia da cidade disciplinar (3ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997). Em 16 de junho, apresentou a conferência Michel Foucault e a escrita de si nos feminismos contemporâneos, dentro da programação do Seminário Michel Foucault – Corpo, sexualidade e direito, promovido pela UNESP/Marília.

Confira a entrevista.

Mulher presidente ou presidente mulher? - Por Flávia Tavares

          O vocabulário do brasileiro ainda não deu conta da novidade. A partir de hoje, os eleitores se dividem entre os que chamam Dilma Rousseff (PT) de "presidente" ou "presidenta". Não há unanimidade sobre se ela é a primeira mulher presidente ou a primeira presidente mulher do Brasil. O fato é que a petista colocou, pela primeira vez, as mulheres no mais alto posto da República. E o vocabulário certamente se adaptará ao novo cenário.
           A reportagem é de Flávia Tavares e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 01-11-2010.
A chegada de Dilma ao poder foi construída com base em ambiguidades na questão de gênero. A campanha da petista se apropriou de imagens intrinsecamente femininas, embora ultrapassadas. Associou a candidata ao título de "mãe do PAC" ou de "mulher do Lula" e tornou Dilma uma sucessora palatável, já que "subalterna" ao futuro ex-presidente. "Isso foi intencional. Se o continuador fosse um homem, parte do eleitorado, sobretudo o masculino, poderia achar que o sucessor logo teria autonomia e se desligaria de Lula", explica Fátima Pacheco Jordão, diretora do Instituto Patrícia Galvão, socióloga e especialista em pesquisas de opinião. Ela lembra que Dilma foi trabalhada para ser feminina "na aparência física, na contemporaneidade de seu cabelo". "Ela foi se aperfeiçoando para ser mais feminina e não para se transformar numa ‘coronela’."(continue lendo...)

02/11/2010

Pray and Support the Clergy

Christians should ensure that they pray and support the clergy, a Kenyan Catholic bishop has said.

Bishop Virgilio Pante of Maralal Diocese said this on October 30 during the deaconate ordination ceremony at the Consolata Shrine in Nairobi where he presided over the mass.

Bishop Pante said that newly ordained priests need a lot of prayers and support to manage the religious life ahead of them and described priesthood as a gift from God.

“But we must ensure that those admitted in the religious life are fully supported and prayed for,” he stressed.

The bishop called on the newly ordained deacons to commit their lives fully to their new religious life and reminded them that new life had challenges to face.

However, he assured them that prayers and hard work will see them through.

The bishop also thanked the parents of the new deacons for allowing their sons to join religious life.

During the colourful ceremony, ten seminarians, seven from Consolata and three from the Passionists Missionary Society were ordained deacons.

Among those who attended the ordination include: Regional Superior of Consolata Missionaries, Fr. Franco Cellana, Vice Superior of the Passionists, Fr. Nicholas Obiero, Mozambique High Commissioner to Kenya, Manuel Goncalves and the Colombian Ambassador to Kenya, Maria Victoria Diaz.

The newly ordained deacons were drawn from Kenya, Ethiopia, Mozambique and Colombia.


Fonte: CISA

01/11/2010

Visão cristã da morte - Jaime C. Patias *

No dia 2 de novembro fazemos memória dos que nos precederam, os finados. Que sabemos nós sobre o mistério da vida e da morte? Os diversos sinais de vida e morte presentes na sociedade contemporânea podem nos ajudar a refletir sobre a nossa missão de peregrinos nesse mundo. Criados à imagem e semelhança de Deus, carregamos em nossa realidade de humanos, traços visíveis daquele que nos criou. Deus quis estar representado na pessoa humana que, por sua vez está profundamente vinculada a Ele.

Ao mesmo tempo carregamos em nosso ser necessidades, desejos, limitações, tensões... e estamos sujeitos às realidades do mundo.Um dos segredos do dinamismo do sistema capitalista moderno é a acumulação de riquezas, de mercadorias, como o único ou melhor caminho para satisfazer o desejo de ser, poder e aparecer. Acontece, porém, que o pensamento econômico não trabalha com as necessidades, o que seria limitado, mas sim com o desejo, que não tem limites e por isso, nunca consegue ser saciado. Nesse sistema, a satisfação prometida é ilusória e imediata, destinada a preencher um vazio no ser humano (consumidor) que quanto mais consome, mais vazio se sente.

Dessa forma, é preciso inventar continuamente novas ofertas num processo infinito e auto-regulador. Desaparece a noção de limite para as ações humanas e surge a idéia de que "querer é poder". Vivemos tão preocupados em ter casas, carros, fortunas, status, aparência...Vamos acumulando medo de perder, de envelhecer, de morrer... vem a insegurança, as angústias... Apesar de não estarmos completamente convencidos dos momentos de prazer que o dinheiro compra, acreditamos que possuindo alcançaremos a felicidade e viveremos neste mundo para sempre. Surge o mito da erradicação da morte.

Podemos dizer que a pessoa, imagem de seu Criador, vive numa encruzilhada entre dois verbos: o "ser" e o "ter". Mas é diante da morte que o enigma da condição humana atinge seu ponto mais alto. No final da nossa passagem por este mundo o verbo "ter" revela-se muito pobre: não nos é possível levar nada daquilo que acumulamos, consumimos ou parecemos ser ao usar este ou aquele produto de marca. Isso porque a nossa vida pertence a Deus, que no seu amor nos chamou à existência, e não ao mercado que quer dominar e nos possuir. O que conta mesmo é o verbo "ser": o que somos de fato e o que somos na transparência do nosso interior. Na morte seremos o que fizemos de nós mesmos durante nossa vida terrena. Levo o que sou, eis o que importa.

Para o mercado, a morte é dolorosa como um fim de festa. Daí todo o esforço da sua negação. Até falar da morte é proibido, virou tabu. Para o ser humano, a morte é um fim "plenitude" e um fim "meta alcançada". Devemos sempre iluminar o mistério da morte cristã com a luz de Cristo Ressuscitado. E para os que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar também de sua ressurreição. A morte, sendo o fim normal, recorda-nos que temos um tempo limitado para realizar a nossa vida. Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. "Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro" (Fi 1, 21). Na pessoa de Jesus ressuscitado, Deus se revela aquele que ressuscita os mortos. Da mesma forma como ressuscitou Jesus, Deus nos ressuscitará também.

* Jaime Carlos Patias imc, diretor da revista Missões e mestre em comunicação.

Fonte: Revista Missões

Sentido da vida e da morte - Canísio Klaus *

Iniciamos o mês de novembro com as comemorações do dia de todos os santos e do dia dos finados. Estas duas datas nos fazem refletir sobre a vida e a morte.

Há vários sentidos que podemos dar à vida. Para alguns, viver é possuir, é ter sucesso, é ir superando as dificuldades no dia-a-dia; para outros, é amar e lutar por causas justas. Temos de escolher.
Não é possível abraçar, ao mesmo tempo dois sentidos opostos. Jesus nos alertou: "Não se pode servir a dois senhores. Porque ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro" (Mt. 6, 24).

Assim a grandeza ou a mesquinhez de uma pessoa depende do sentido que ela vai dando à vida. Daí a pergunta fundamental: Qual a maneira mais autêntica de viver a vida?
Para responder, não é preciso estudar livros nem participar de enfadonhas palestras. É preciso sim, escutar a vida com suas aspirações, seus sonhos, suas lutas, suas derrotas e suas vitórias.

Vida autêntica é aquela que responde aos anseios mais verdadeiros do ser humano. São anseios de felicidade, de paz, de liberdade, de vida honesta, sincera e solidária. São anseios de amor, de serviço, de doação e de gratuidade. Portanto, vida autêntica é sair da mesquinhez rasteira, rotineira e indiferente. É abraçar e assumir um projeto de vida verdadeira. É voar nas asas da liberdade verdadeira e da vida plena; é ter objetivos e projetos autênticos; "é ter mil razões para viver, é ter uma causa a que dedicar a vida" (Dom Hélder Câmara).

A vida autêntica é marcada pela luta em favor da dignidade humana, da ética, e contra sistemas corruptos e mentirosos. É ter firmeza e ternura, honestidade e coerência. É ter, ainda, coragem da verdade para anunciar e denunciar; ser capaz de opções firmes a serviço dos grandes valores da vida humana.
A partir do verdadeiro sentido da vida é que encontramos o sentido da morte. É verdade que, para alguns, a morte é assunto que incomoda; quanto mais longe, melhor. Preferem ignorar, esquecer, adiar.

Muitos planejam a vida como se a morte não existisse. Porém o cristão como todo ser humano, pode sentir medo da morte, mas jamais entende a morte como o fim de tudo. Cremos que a vida nunca terminará, pois a morte não é o fim de tudo, mas a conclusão de uma etapa da vida. A fé cristã nos ensina que com a morte continuaremos vivendo em Deus, com uma vida transformada. "Esta é a vontade do meu Pai: que todo homem que vê o Filho e nele acredita, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6, 40).

* Dom Canísio Klaus é bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul.

Fonte: www.cnbb.org.br

31/10/2010

Alguns dos mais cultuados santos católicos no Brasil

Eles se entregaram de corpo e alma à fé cristã. Abdicaram de conforto e bens materiais e dedicaram suas vidas a ajudar pobres, doentes e injustiçados.

Esses homens e mulheres considerados santos pela Igreja Católica atraem a devoção dos 118 milhões de brasileiros católicos, ou 61% de uma população de 194 milhões com suas histórias de sacrifício.
A mais cultuada é, se dúvida, Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, um dos nomes dados a Maria, a mãe de Jesus, e a padroeira dos católicos no Brasil. Sua festa é comemorada todo dia 12 de outubro, que cai na próxima terça-feira.

Conheça a biografia dela e de alguns dos mais cultuados santos católicos no Brasil.

Nossa Senhora AparecidaNascimento: Jerusalém, Israel, 15 a.C
Morte: Não há registros históricos; a tradição cristã diz que ela teria morrido no ano 42 d.C.
Santuário: Aparecida do Norte, São Paulo, Brasil
História: Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida é o título católico no Brasil dedicado a Maria, mãe de Jesus Nazaré, e é a padroeira dos católicos brasileiros. É a santa com a maior quantidade de diferentes nomes na Igreja Católica. São conhecidos mais de mil. A devoção e o culto à Virgem Maria estão exuberantemente representados nas artes, como na escultura "Pietá", de Michelangelo e a composição musical "Ave Maria" de Franz Schubert. No Brasil, as obras de Aleijadinho são notáveis representações da Virgem Maria. Mas a famosa imagem de Nossa Senhora que deu origem a seu santuário foi uma estátua de autor desconhecido, feita de terracota e com 40 centímetros de altura, resgatada por três pescadores no rio Paraíba do Sul, em Guaratinguetá (SP), em 1717. Sua basílica em Aparecida (SP) foi consagrada pelo papa João Paulo 2º em 4 de julho de 1980 como o maior santuário mariano do mundo. Uma festa em sua homenagem é comemorada anualmente no dia 12 de outubro, feriado nacional. O maior movimento já visto nesse feriado foi em 1996, com 215 mil romeiros. Mas o recorde anual foi registrado em 2009, quando o santuário recebeu 9.554.485 visitantes. Outra festa importante é a que homenageia um outro "nome" da santa: Nossa Senhora de Nazaré. A procissão Círio de Nazaré é celebrada todo segundo domingo de outubro, em Belém do Pará, desde 1793, e é considerada a maior manifestação católica do mundo. No ano passado, o evento atraiu 2 milhões e 200 mil pessoas.

São Francisco de AssisNascimento: Assis, Itália, em 1182
Morte: Assis, em 3 de outubro de 1226
Santuário: Basílica de São Francisco, inaugurada em 1230 em Assis, que guarda as suas relíquias e abriga o seu túmulo
História: Depois de uma juventude inquieta e mundana, Giovanni di Pietro di Bernardone, a quem Dante Alighieri descreveu como "uma luz que brilhou sobre o mundo", voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza. Fundou a ordem mendicante Frades Menores, mais conhecida como franciscanos, que renovaram o catolicismo do seu tempo. Para muitos foi a maior figura do cristianismo desde Jesus. Alguns estudiosos afirmam que a visão positiva que tinha da natureza e do homem foi uma das forças que levaram à formação da filosofia da Renascença. Foi canonizado pelo papa Gregorio 9 em 6 de julho de 1228. A cidade de Canindé, a 126 quilômetros de Fortaleza (CE), realiza a maior romaria franciscana no Brasil, atraindo dois milhões de romeiros todos os anos. A cidade possui a maior estátua de São Francisco no mundo, com 30,25 metros. Francisco também se tornou nome de cidades, como San Francisco, nos EUA, e de rios, como o Rio São Francisco, no Brasil. Por seu apreço à natureza é mundialmente conhecido como santo patrono dos animais e do meio ambiente.

Santo Antonio de PáduaNascimento: Lisboa, em 15 de agosto de 1195
Morte: A caminho de Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231
Santuário: Basílica de Pádua, Itália, onde repousam seus restos mortais
História: Fernando de Bulhões foi canonizado em 13 de maio de 1232 pelo papa Gregório 9, no processo de canonização mais rápido de toda a história da Igreja Católica. Trocou o nome para Antonio em 1220, quando ingressou na ordem Franciscana. Sua veneração é muito difundida nos países latinos, principalmente Portugal e Brasil. Padroeiro dos pobres e casamenteiros, pois segundo a lenda era um excelente conciliador de casais, é também invocado para encontro de objetos perdidos. Em várias cidades portuguesas e brasileiras o dia 13 de junho, data de sua morte, é feriado municipal. As famosas festas juninas do Brasil tiveram origem nas festas dos santos populares em Portugal: Santo Antonio, São João e São Pedro. O município de Borba (AM), distante 155 quilômetros de Manaus, possui a Basílica de Santo Antônio de Borba - a primeira da América Latina e a quinta do mundo a possuir alguns dos restos mortais de Santo Antonio. A festa do santo nessa cidade é considerada a maior do Estado do Amazonas.

Santo ExpeditoNascimento: Armênia, fim do século 3
Morte: 19 de abril de 303 d.C., em Metilene, na atual Armênia
História: Antes de se converter ao cristianismo, Expeditus foi o comandante da 12ª Legião Romana, que tinha como função primordial defender as fronteiras orientais do Império Romano dos ataques dos bárbaros asiáticos. A sua conversão despertou a ira do imperador Diocleciano. Foi flagelado até sangrar e depois decapitado. O culto ao santo chegou ao auge no século 18 na Europa. No Brasil, o legionário romano ganhou sua primeira igreja em 1942, em São Paulo, e passou a ser popular a partir de 1983 quando o radialista Eli Correa, na rádio América, passou a divulgar as graças alcançadas pelos ouvintes. Na capela de Jaçanã (SP) passam mais de 300 mil pessoas na data festiva do santo, dia 19 de abril. Crê-se que Santo Expedito ajuda pessoas com problemas urgentes e de dificil solução. Também é protetor dos militares, estudantes, jovens e viajantes. No Brasil, o pagamento de promessas ao santo está associada a impressão e distribuição de milheiros de santinhos.

São Judas TadeuNascimento: Galiléia, atual Israel, no século 1 (data provável)
Morte: Suemir, atual Iraque, 28 de outubro d.C.
História: É um dos 12 apóstolos de Jesus. Também conhecido como Judas Lebeus. Irmão de Tiago e, segundo algumas crenças, primo de Jesus. Não deve ser confundido com Judas Iscariotes. Teria sido decapitado quando pregava no Iraque. Suas relíquias supostamente se encontram em Roma, e são veneradas até hoje. É o patrono das causas desesperadas e das causas perdidas, e também do time de futebol Flamengo. Em 25 de janeiro de 1940 foi criada a Paróquia São Judas Tadeu em São Paulo.

São JorgeNascimento: Capadócia, Turquia, em 275
Morte: Nicomédia, atual Izmit, Turquia, em 23 de abril de 303
Santuário: Igreja de São Jorge, Lida, Israel
História: De acordo com a tradição, São Jorge foi um soldado romano durante o império de Diocleciano. Sua memória é celebrada na data de sua morte. São Jorge caiu em desgraça quando questionou uma decisão de Diocleciano para que fossem mortos todos os cristãos. Por ordem do imperador, ele foi torturado das mais terríveis formas. Sua resistência ia convertendo cada vez mais soldados e até a própria esposa de Diocleciano ao cristianismo. Foi o que bastou para o imperador determinar a sua degola. A tradição diz que ele teria matado um dragão para salvar a filha do rei de Selena, na Líbia, e todos os habitantes desta cidade. O rei inglês Ricardo 1º, comandante de uma das primeiras Cruzadas, constituiu São Jorge como padroeiro daquelas expedições que tentavam conquistar a Terra Santa. Os ingleses acabaram adotando o santo como padroeiro do país, imitando os gregos, que trazem em sua bandeira a cruz de São Jorge. Durante a Segunda Guerra Mundial foi comum a distribuição de melhalhas com a imagem de São Jorge aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade, que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra. E, apesar de sua história se basear em documentos lendários e apócrifos, a devoção a São Jorge se firmou pelo mundo.

Santa EdwigesNascimento: Baviera, Alemanha, em 1174
Morte: Trzebnica, Polônia, 14 de outubro de 1243
História: Nascida Edwiges de Andechs, foi criada em ambiente de luxo e riqueza, o que não a impediu de ser simples e viver com humildade. Depois da morte do marido, o duque alemão Henrique da Silésia, entrou para um mosteiro e dedicou-se a ajudar os carentes e presidiários. Com seu próprio dinheiro construiu hospitais, escolas, conventos e igrejas. Ganhou a fama de protetora dos pobres e endividados. Foi proclamada santa pelo papa Clemente 4º em 26 de março de 1267. O dia 16 de outubro é dedicado a ela, quando o santuário de Santa Edwiges, no bairro do Sacomã, em São Paulo, recebe cerca de 40 mil fiéis.

São JoséNascimento: Belém, atual Cisjordânia, século 1 a.C., segundo a tradição cristã
Morte: Data desconhecida
História: Segundo a tradição, José foi designado por Deus para se casar com Maria, mãe de Jesus, e passou a morar com ela e sua família em Nazaré, uma localidade da Galiléia, Israel. Segundo a Bíblia, era carpinteiro de profissão, ofício que teria ensinado ao filho. Não se sabe a data de sua morte, mas ela é presumida como anterior ao início da vida pública de Jesus. Ele nunca chegou a ser canonizado, porém sua santidade foi endossada pela tradição e foi proclamado como "protetor da Igreja Católica Romana". Por seu ofício, é considerado um dos padroeiros dos trabalhadores, e pela fidelidade à sua esposa é conhecido também como "padroeiro das famílias". No Brasil comemora-se 19 de março como dia do santo. Em São José do Ribamar, no Maranhão, há uma estátua de 17,5 metros erguida para o protetor. A cidade recebeu este ano 250 mil romeiros. São José é a quem o povo nordestino recorre para pedir chuva. Se a água cai no dia 19 de março, isso é visto como sinal de fartura.

Santa Rita de CássiaNascimento: Úmbria, Itália, 22 de maio de 1381
Morte: Cássia, Itália, 1459
História: A mãe de Santa Rita de Cássia, Amata Serri, tinha 62 anos quando deu à luz. É uma das poucas santas que foi casada. Casou-se provavelmente aos 18 anos e teve os gêmeos João Tiago e Paulo Maria antes de entrar para o convento. O marido, Paulo Ferdinando, que era alcoólatra e a espancava, foi assassinado por inimigos. Os filhos morreram cerca de um ano após a morte do pai. Aos 38 anos Santa Rita iniciou a sua vida religiosa no Convento das Agostinianas, em Cássia, na Itália. Durante os últimos 15 anos de vida conviveu com uma grave ferida na testa. Morreu aos 78 anos. A santa das causas impossíveis foi canonizada no dia 24 de maio de 1900, embora em 1577 já se erguia uma igreja à santa em Cássia. No Brasil, a atual matriz de Santa Rita da Arquidiocese do Rio de Janeiro data de 1724.

Santa Terezinha do Menino JesusNascimento: Alençon, França, em 2 de janeiro de 1873
Morte: Lisieux, França, em 1897
Santuário: Basílica de Lisieux, França
História: Marie Françoise Théresé ingressou na ordem carmelita aos 15 anos, após obter autorização do Papa Leão 13. Em 1895 começou a escrever as suas memórias, que foram publicadas após a sua morte com o título de "História de uma Alma". O livro foi o responsável pela divulgação da vida e espiritualidade de Santa Terezinha no mundo inteiro, sendo traduzido em 58 línguas. Acometida de tuberculose, morreu obscura e anônima. Foi canonizada pelo papa Pio 11 em 1925. É considerada a maior santa dos tempos modernos, a quem coube mostrar o valor das pequenas coisas.

Fonte: D. Viotto.

“On Death and Dying“

The idea of death makes one aware of one's life, one's vital being – that which is impermanent and will one day end.   When ...