24/08/2010

Encontro contra a Militarização interpõe demandas e reforça compromissos - Natasha Pitts *

Unidos com a intenção de fortalecer a luta contra a militarização nas Américas, os participantes do ‘Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização’, realizado de 16 a 23 deste mês, na Colômbia, publicaram ontem um comunicado com todas as suas reivindicações e compromissos. Lutar por justiça para as mulheres e rechaçar, cada dia com mais intensidade, a militarização e a ingerência estrangeira, foram os principais posicionamentos.
O Encontro contra a Militarização aconteceu em um contexto de ameaça de guerra mundial que está sendo sentido por diversas nações e nos diferentes territórios. Este clima de medo e repressão é vivenciado constantemente pela população da Colômbia, na forma de conflitos armados internos, e pesa com mais força sobre as mulheres. Por este motivo, os participantes do Encontro reiteraram o compromisso de "lutar por justiça para as mulheres e para que se pare com a violência, a intimidação, o controle e a utilização das mulheres como botim de guerra".

O Encontro também aconteceu simultaneamente às investidas do imperialismo estadunidense que busca, por meio de "estratégias agressivas de colonização, reposicionar-se e tratar de recuperar a grande crise de seu sistema capitalista". Para combater esta realidade, o compromisso firmado foi o de recusar a estratégia dos EUA de militarizar a vida, o território, os desejos e as consciências de diversas populações, assim como exigir a retirada das bases militares de todas as nações.

A situação do Haiti, ocupado militarmente com mais intensidade após o terremoto de 12 de janeiro, não foi esquecida. A retirada das tropas do Brasil e dos EUA, que compõem a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti - Minustah, é pedida com urgência por haver visível ingerência estrangeira nas decisões do país.
Da mesma forma, foi lembrada a intervenção militar na Costa Rica, nação onde mais de 7000 militares, 46 navios e cerca de 200 helicópteros das forças de segurança estadunidense estão em atividade a pretexto de combater o narcotráfico.

Abordando a realidade da constante violação aos direitos humanos, na Colômbia e no mundo, sobretudos dos defensores/as destes direitos, os participantes do Encontro repudiaram a criminalização da luta dos povos, "que significa a morte e repressão contra mulheres e homens e seus processos organizativos".

Honduras também esteve em pauta. A luta da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), que busca a refundação do país e clama por uma Assembleia Nacional Constituinte Popular e Democrática, continuará a ser apoiada. O Encontro foi também uma oportunidade para os movimentos reforçassem sua postura de não reconhecimento do governo de Porfirio Lobo, atual presidente hondurenho.

Diversas outras reivindicações e compromissos estiveram presentes no documento final do Encontro Internacional. Todos convergem para a luta pela paz, pela justiça, pela reparação, pelo combate à militarização e pelo respeito às mulheres e aos seus processos organizativos. O documento final também reforçou que a luta por estes objetivos não termina em breve e seguirá mais forte com a união dos povos indígenas, afrodescendentes, mulheres, sindicalistas, artistas, campesinos/as e diversos outros atores sociais dispostos a lutar por outra América.
"Hoje, como movimentos sociais, reafirmamos nosso compromisso pela vida digna, a defesa de nossos territórios, a soberania, a autonomia, a autodeterminação, a cultura e a ancestralidade, entendendo que a luta contra a militarização e as bases militares é um pilar fundamental pela paz", encerra o documento.

* Jornalista da Adital
Fonte: Adital

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