Na Igreja, desde o início, muitos homens e mulheres seguiram a Cristo na pobreza, castidade e obediência. Surge uma diversidade de dons para responder aos desafios nas diferentes épocas e culturas. Em termos de vocações para o trabalho de evangelização, a África mostra a sua força. Exemplo disso aconteceu na Bahia, no início de dezembro de 2011, quando mais três jovens missionários da Consolata africanos foram ordenados diáconos em vista do sacerdócio. Trata-se de James Mwaura Mbugua e Michael Mutinda (quenianos), e Jacques Kwangala Mboma (congolês). Os três estudaram teologia em São Paulo e encontram-se na Bahia para trabalhos pastorais.
No sertão baiano
No dia 3 de dezembro, James Mwaura Mbugua foi ordenado diácono, pelas mãos de dom Francisco Canindé Palhano, bispo de Bonfim. A celebração aconteceu na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Monte Santo, no sertão baiano onde, no dia anterior, James fizera a profissão perpétua na presença do padre Elio Rama, Superior Regional dos missionários da Consolata no Brasil.
James nasceu no dia 30 de setembro de 1977 em Eldoret, Quênia. Filho de George Mbugua e Margaret Njoki, entrou no seminário diocesano em 1994 e concluiu o ensino médio em 1998. Nessa altura, sentiu o chamado de Deus para ser missionário, mas não sabia em qual congregação. Foi quando, uma noite, encontrou na biblioteca a revista The Seed (A Semente), publicada pelos missionários da Consolata no Quênia. A edição trazia endereços de diferentes institutos. Gostou do nome "Consolata". James escreveu para o responsável da Animação Vocacional, padre Atilio Lerda. Ao terminar os estudos, trabalhou por dois anos numa empresa, enquanto continuava o diálogo com o missionário. Em 2001, ingressou no Instituto Missões Consolata, fez o Propedêutico e a Filosofia em Nairóbi. O Noviciado foi em Sagana, concluído com a primeira profissão religiosa em 2006. Em seguida, veio ao Brasil e em São Paulo, estudou Teologia, de 2007 a 2010. Ao concluir, foi enviado a Monte Santo, Bahia, onde se encontra até agora.
"Sinto-me realizado com a missão que realizo. O que estou vivendo é um chamado que tem a sua identidade no seguimento radical de Cristo, o qual respondo na liberdade através da vivência dos conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência, como expressão da minha plena doação a Deus e aos irmãos e irmãs", explicou o diácono James. "A resposta positiva foi minha. Deus me chamou porque quis contar comigo para continuar a sua missão e o seu projeto", destacou. "O que me realiza no caminho que percorri até aqui é sentir-me amado por Deus, em comunhão com Ele e a serviço do Reino. Eu dou a minha vida livremente para o bem maior que é o Reino de Deus", sublinhou. "Deus me chama, me consagra e envia. É uma experiência tão forte e íntima com o amor gratuito de Deus que devo responder com dedicação incondicional, colocando tudo, presente e futuro, nas mãos Dele", concluiu.
Em Salvador
Uma semana mais tarde, no dia 10 de dezembro de 2011, a matriz da Paróquia São Brás na Plataforma, em Salvador, reuniu missionários e missionárias da Consolata e de outras congregações, inúmeros fiéis católicos e de outras religiões, para uma celebração especial na qual Jacques Mboma (congolês) e Michael Mutinda (queniano), fizeram os votos perpétuos na família Consolata. A celebração contou com a presença do Superior Regional, padre Elio Rama. No dia 11 de dezembro, a Praça São Brás lotou para a ordenação diaconal dos dois jovens, realizada pela imposição das mãos do dom Gregório Paixão, OSB, bispo auxiliar da arquidiocese de Salvador. "Para serem felizes como diáconos e missionários, sejam fiéis ao sonho do vosso fundador, o Bem-aventurado José Allamano, que dizia: ‘primeiros santos, depois missionários", lembrou o bispo. A paróquia se preparou com um tríduo de orações e uma vigília vocacional. Padre Elio Rama agradeceu a comunidade por ter acompanhado os dois jovens. "A vocação missionária é um dom de Deus para a humanidade".
O percurso
Jacques K. Mboma nasceu na cidade de Pindi Mission, República Democrática do Congo. É filho de Kwangala Stanislas e Minianga Florence. Ele conta que sentiu o chamado desde pequeno quando conheceu os missionários da Consolata que trabalhavam na sua diocese. Através do testemunho desses homens e mulheres, sentiu-se impulsionado a doar sua vida para a Missão, entre outros povos mundo afora. Ingressou no Seminário da Consolata no ano 2001 e estudou Filosofia no Congo. Em 2005 fez o Noviciado em Moçambique, onde emitiu sua primeira profissão religiosa. Veio ao Brasil em 2006 para estudar Teologia em São Paulo.
Desde 2010, Jacques se encontra na Paróquia São Brás, em Salvador, atuando na pastoral afro e na animação missionária e vocacional. "Dediquei-me ao trabalho de conscientização, inclusão social e de luta contra os preconceitos e discriminação racial. Hoje, sou feliz pelo dom da vocação missionária e vida consagrada", afirmou. Jacques deu sua resposta generosa e definitiva a Deus, iluminado pelas palavras do Apóstolo Paulo: "Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração" (Rom. 12.12).
Michael Mutinda nasceu na cidade de Kaumoni, no Quênia. É filho de Susan Mwikali e Killian Munyw´oki. Entrou na família Consolata em 2001 e fez os estudos filosóficos em Nairóbi. Terminado o ano de Noviciado, fez a sua primeira profissão aos 15 de julho de 2006, em Sagana, Quênia e no mesmo ano veio ao Brasil onde cursou Teologia em São Paulo. Ao longo de 2011 prestou serviços missionários na Paróquia São Brás, em Salvador, onde se dedica, entre outras, à Pastoral da Juventude. Sua inspiração vem do Apóstolo Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fl. 4,13). Michael reconhece também o papel de sua mãe no nascimento da vocação. Conta que ela gostava muito de acolher crianças com poucas oportunidades. Conheceu os missionários da Consolata através da revista The Seed (A Semente), publicada pela congregação no Quênia, e quis se tornar missionário para continuar o que aprendeu com a sua mãe, num sentido mais amplo, mundo afora. Michael é membro da equipe de redação da revista Missões onde é responsável pela página sobre a África.
A Missão desafia
Perguntado como se sentia ao doar a sua vida para a Missão, Michael afirmou existir na vida cristã, "um aspecto que constitui o núcleo capaz de colorir o interior da pessoa que crê: a vocação missionária e religiosa. Entendemos por vocação missionária a resposta à vontade de Deus para cada batizado/a que se dá com toda a inteligência, coração e vontade e com toda a vida, presente e futura. Entretanto, é preciso estar aberto à ação de Deus, reorganizar a vida interior e começar pela conversão, discernir segundo o espírito do Mestre", explicou o diácono.
Em breve, os três diáconos serão ordenados padres nos seus respectivos países e receberão a destinação para trabalhar em uma das missões que a congregação tem no mundo. "Esperamos ser fiéis no testemunho de vida evangélica, presença comunitária, oração e compromisso apostólico para viver a Missão seja onde for; no Brasil, no Congo, no Quênia ou em outros países. A nossa expectativa maior é podermos anunciar a glória de Deus a todas as nações", destacou.
Fundados em 1901 pelo Bem-Aventurado José Allamano em Turim, Itália, os missionários da Consolata contam hoje com cerca de mil membros atuando em 21 países na África, Ásia, Europa e América.
* Colaboraram Natália de Jesus, da Pastoral da Juventude e Jandira Maria de Souza, da Pastoral Afro, ambas da Paróquia São Brás, Salvador, BA.
Fonte: Revista Missões
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