15/10/2010

Não é só o aborto, a vida está em volta

          "É evidente que diante de um quadro de tal gravidade - com os relatórios internacionais ainda dizendo que as emissões de poluentes nos próximos dez anos ultrapassarão em mais de 30% os limites máximos recomendados - a sociedade brasileira, em sua maioria, está preocupada, desejosa de saber o que os candidatos à Presidência propõem para essas e muitas outras questões. Como a de nossa matriz energética: vamos seguir o que dizem os cientistas, implantando programas de conservação e eficiência energética e impedindo perdas brutais nas linhas de transmissão?", escrreve Washington Novaes, jornalista, em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, 15-10-2010.

Segundo ele, "ou vamos insistir em projetos "vergonhosos" (com têm dito especialistas) de mega-hidrelétricas na Amazônia e na instalação de usinas termoelétricas, altamente poluidoras? Vamos levar a sério o complicado problema das emissões de metano por nosso rebanho bovino? Vamos encarar o dramático problema do transporte nas grandes cidades, de sua poluição, do desperdício de horas de vida e de trabalho?".


Fonte: IHU.

Horário de verão começa à 0h de domingo em três regiões do país

A partir da zero hora do próximo domingo (17), começa o horário de verão no país. Quando o relógio apontar a meia-noite de sábado, os moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deverão adiantar os relógios em uma hora. Participam do ajuste moradores do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Segundo o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Ildo Grüdtner, o objetivo da medida é diminuir o consumo e a demanda de energia no país, gerando economia financeira e de recursos naturais. O horário de verão se estenderá até o dia 20 de fevereiro de 2011.

Ao adiantar o ponteiro do relógio, o Brasil “ganha” mais uma hora de claridade ao final do dia. Assim, aproveita melhor a luz natural no período de suprimento mais crítico do dia (das 18h às 21h), quando as pessoas voltam para casa, tomam banho, e a iluminação pública é ativada. (Leia mais em...)

* Com informações da Agência Brasil

14/10/2010

CULTO CRISTÃO – Por SEGLER, Franklin M[1]

      
1. O que é adoração?
A adoração é um fim em si mesmo; não é um meio para alguma coisa qualquer. Karl Barth apropriadamente declarou que a adoração da igreja é o Opus Dei, a obra de Deus, que é desenvolvida por causa dele mesmo. Quando tentamos adorar com a idéia de que certos benefícios serão recebidos, o ato deixa de ser adoração; porque então isto se torna uma tentativa de usar Deus como meio para alguma coisa qualquer. Nós adoramos Deus puramente por causa da adoração a Deus. Adorar é:

Despertar a consciência para a santidade de Deus,
Alimentar a mente com a verdade de Deus,
Purificar a imaginação pela beleza de Deus,
Abrir o coração para o amor de Deus,
Devotar à vontade para os propósitos de Deus[2].

Porque o homem adora? Porque ele não pode ajudar na adoração. A adoração não é uma invenção humana; ao invés disso, é uma oferta divina. Deus se oferece a si próprio num relacionamento pessoal, e o homem responde. A oferta de amor que vem de Deus produz a resposta do homem na adoração. Uma visão de Deus demanda uma resposta de adoração porque Deus é merecedor da adoração. Deus freqüentemente surpreende o homem pela interrupção de sua experiência, caso este no qual o homem freqüentemente espontaneamente responde em adoração e louvor. Em suas meditações, Pascal descobriu que em sua busca por Deus, Deus já o tinha encontrado.
À medida que o adorador tem procurado por maneiras de falar sobre adoração, ele tem desenvolvido um vocabulário que tem sido largamente utilizado. Os termos nos parágrafos seguintes podem ajudar na interpretação do culto para os cristãos modernos.

  1. Terminologia preliminar
A palavra inglesa “worship” é derivada da palavra anglo-saxônica “weorthscipe” – “worth” e “ship” - significando alguém merecedor de reverência e honra. Quando nós cultuamos (NT - worship), estamos declarando o merecimento de Deus. Os anjos cantaram, “Digno é o Cordeiro que foi morto,” e todas as criaturas responderam, “Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro, sejam a bênção e honra e glória e poder para sempre e sempre!” E as quatro criaturas viventes disseram, “Amém!” e os anciãos caíram por terra e adoraram  (Ap 5.12,13-14).
O termo bíblico “glória” é freqüentemente atribuído a Deus quando o homem o adora. O termo hebraico kabod, transliterado como "glória," significa "honra" ou "importância" de Deus. Quando Isaías viu o Senhor alto e elevado, declarou, "Toda a terra está cheia da sua glória" (Is 5.3). O termo doxa, encontrado no Novo Testamento, transliterado como “glória,” expressa a avaliação de que Deus é merecedor de louvor e honra. No nascimento de Jesus, os anjos cantaram, “Glória a Deus nas alturas, e na terra paz entre os homens de boa vontade!” (Lc 2.14).
O termo principal encontrado no Velho Testamento, transliterado como “culto”, éshachah, que significa ‘curvar-se’ ou ‘prostrar-se’. A idéia do Velho Testamento conduzida por este termo e outros similares é a atitude de reverência de mente ou corpo, ou de ambos, combinada com as noções de “adoração religiosa, obediência, serviço.” Quando o povo de Israel ouviu que Deus falou a Moisés, acreditou e “curvaram suas cabeças e adoraram” (Ex 4.31).
O termo grego que mais freqüentemente significa culto no Novo Testamento éproskuneo, significando literalmente “beijar a mão que é apresentada diante de alguém” ou ‘prostrar-se’ diante de outrem em sinal de reverência. Jesus usou esta palavra quando disse à mulher de Sicar, ‘Deus é espírito, e aqueles que o adoram deve adorá-lo em espírito e verdade’ (Jo 4.24).
O termo liturgia é derivado da palavra grega leitourgia, transliterada como ‘ministério’ ou ‘serviço’ No Novo Testamento isto não ocorre em conexão com atividades cerimoniais. Ele se referiu ao trabalho do ofício sacerdotal sob o pacto antigo (cf. Lc 1.23, Hb 9.21) e também ao ministério de Cristo (Hb 8.6) e o culto da igreja (At13.2). Literalmente, ele significa uma "ação do povo," e mais particularmente o serviço que os cristão rendem a Deus em fé e obediência.
Para Paulo, a verdadeira leitourgia de Deus é uma vida de fé que apresenta frutos do Espírito (Gl 5.22). Culto é entendido essencialmente em sua exortação, "Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto [leitourgia] espiritual" (Rm 12.1). Nos últimos séculos o termo "liturgia" tem sido usado para designar a ordem de culto nas igrejas.
Tem sido afirmado que a religião aparece em três aspectos principais: como culto ou adoração, como doutrina ou crença, e como comportamento ou moral.[3] Isto não significa que as três são partes separadas ou não relacionadas. Ao invés, elas são formas de expressão ou manifestação da religião. Todo o conteúdo de vida de uma religião está presente em todas as três. O termo "cult" ou "cultus" tem sido usado por muito tempo para definir o conteúdo e as práticas de uma adoração popular. Mowinckel define "cult" como "atos santos e palavras socialmente estabelecidos e regulados nos quais o encontro e a comunhão da Deidade com a congregação é estabelecido, desenvolvido, e trazido ao objetivo final." O cult aparece em todas as religiões, mesmo na maioria das seitas "anti-cultic", embora ele possa aparecer nas práticas não escritas, tradicionais, no lugar das liturgias estabelecidas e adotadas.

  1. Proposições Descritivas
A adoração cristã desafia a definição; ela pode somente ser experimentado. Entretanto, como cada qualquer tipo de experiência, ela exige análise e compreensão. Para o cristão, a teologia é sempre uma tentativa de descrever a experiência da graça de Deus aplicada em um relacionamento redentor. Uma experiência de vida pode ser analisada, mas nunca pode ser contida em fórmulas, credos e liturgias.  
A alma sensitiva pode sentir com Paulo, "eu tive uma experiência tal que não pode ser contada; de fato, não parece ser apropriado falar acerca dela"(ver 2 Cor 12.304). Certas experiências na adoração são tão íntimas que o adorador não consegue compartilhá-las. Por outro lado, quando os homens adoram juntos, precisam não somente de uma unidade de espírito mas também de uma unidade de compreensão. Embora não seja possível compreender a majestade e santidade de Deus, e não se consiga definir precisamente o sentimento de temor, o homem não pode ajudar a refletir sobre o significado da adoração. Quanto mais claro o total entendimento da adoração por parte do homem, mais significativa será a sua experiência de adoração. Ainda que aess e (a realidade) da adoração não possa ser definida ou contida em fórmulas, a bene esse (bem-estar), ou aquelas coisas que ajudam a adoração, podem ser expostas.
Embora o desejo inato de adorar seja universal no homem, freqüentemente ocorrem confusões quanto ao significado e natureza da adoração. Enquanto todos os esforços na definição da adoração pareçam inadequados, certos aspectos dela necessitam ser descritos. A essência da adoração é uma experiência interna e as ações externas dela, que ajudam o homem nessa experiência, estão inter-relacionadas.
Mistério - A adoração é um misto de revelação e mistério. O homem experimenta a presença de Deus na revelação e fica com temor de Deus com que encontra de face com o mistério. Deus, ao mesmo tempo, tanto se revela como se oculta. O homem pode estar consciente de Deus em sua vida, mas ele nunca pode compreender o significado final de Deus. Na adoração nós experimentamos as duas coisas: o mistério (a transcendência de Deus) e a revelação (a imanência de Deus).
A comunhão do homem com Deus é sempre um milagre, assim como a auto-revelação de Jesus Cristo foi um milagre, e a ação contínua do Espírito Santo na igreja é um milagre. De acordo com Samuel Miller, o milagre da adoração é "a visão de Deus obtida através de circunstâncias terrenas; ela é a glória de Deus brilhando através da escuridão; ela é o poder de Deus sentido quando todas as outras forças falham; ela é o eterno manifestado no temporal." A adoração nas igrejas livres se tornarão mais sérias quando os ministros liderarem suas igrejas para abordarem a adoração com um senso de mistério e temor e espanto na face sobre o que elas estão fazendo.
Escrevendo sobre o testemunho da alma, há 1800 anos passados, Tertuliano disse, "Sempre que a alma vem para si mesma, como resultado de uma abundância, ou de um descanso, ou uma enfermidade, e conquista algo de sua natural resistência (saúde), ela fala de Deus." A.N. Whitehead declarou que a adoração religiosa forte evoca uma "apreensão da visão de comando." Ele continua, dizendo "Adorar a Deus não é uma regra de segurança - é uma aventura do espírito, um vôo em busca do inatingível,... a alta esperança de aventura."[4] O homem pode conhecer Deus através da examinar profundamente o mistério dos seus caminhos com o homem.
Celebração - A adoração é essencialmente uma celebração dos atos de Deus na história - sua criação, sua providências, seu compromisso de redenção, sua revelação redentiva através de Jesus Cristo na encarnação, na cruz, e na ressurreição, e a manifestação do seu poder por meio da vinda do Espírito Santo. Von Ogden Vogt vê a adoração como a interrupção do trabalho para louvar e celebrar sua bondade. A adoração é com certeza a celebração do evangelho.  
O homem adora em apreciação por aquilo que Deus tem feito por ele. De acordo com a afirmação de Henry Sloane Coffin. nós adoramos por puro prazer. Quando se levanta a questão "Porque ir à igreja?", alguém pode muito bem perguntar "Por que apreciar a música, por que ler poesia, por que encontrar alegria em estar com pessoas queridas? Um culto é corretamente chamado de celebração."[5] Conforme Martinho Lutero declarou há muito tempo, "Ter Deus é adorá-lo."
Vida - A adoração não se limita a atos de devoção e ritos e cerimônias. Para o cristão, ela é parecida com o conjunto da vida. Em seu aspecto mais amplo, a adoração está relacionada a tudo que o homem faz. Ele se coloca sempre diante de Deus para apresentar toda a sua vida a Ele.
O homem se vê com parte da criação de Deus e oferece a si mesmo e tudo que possui em dedicação ao seu Criador. Cada área da vida pertence ao reino de Deus. Em um sentido, a adoração é a prática da presença de Deus em cada experiência da vida.
Existe uma razão que nos permite pensar em "toda a vida existente no universo, visível e invisível," como um ato de adoração, glorificando a Deus como seu Criador, Sustentador, e Finalidade.[6] Paulo invocou todo o universo para Cristo - o mundo das coisas, o mundo das pessoas do seu tempo, o mundo da eternidade (1 Cor 3.21-23). Porque Deus é o Senhor de toda a vida, ele deve ser adorado em todas as esferas da vida. Mesmo os atos formais de devoção estão relacionados com cada aspecto da vida. Além disso, os atos particulares de devoção são mais significativos se toda a vida estiver devotada a Deus.
Diálogo - Na adoração o homem experimenta Deus num diálogo consciente. Adoração é tanto revelação como resposta. Deus toma a iniciativa na revelação e o homem responde através da adoração. A Palavra eterna vem ao homem por meio de palavras tais como a Bíblia, o testemunho do homem. e outros símbolos e ações. A Pessoa eterna vem ao homem através de outras pessoas dentro da sociedade dos crentes. Deus vem por meio do testemunho de suas palavras, sua música, seus símbolos, e suas ações. A Pessoa eterna vem como Espírito diretamente ao espírito do homem. O homem responde a Deus por meio de palavras e música e atos de celebração e dedicação.
Nesse diálogo de revelação e resposta algo acontece na experiência do homem. A adoração é mais do que conversa; é também um encontro. Neste encontro, Deus se confronta com o homem e lhe faz exigências. A história de Jacó conta a respeito de um encontro dessa natureza. Em seu sonho, Jacó estava consciente da vinda de Deus até ele na presença de seus anjos, que estavam subindo e descendo por uma escada. Quando Jacó acordou de seu sono, disse: "'Certamente o Senhor estava neste lugar; e eu não sabia.' E ele sentiu medo, e disse: 'Quão terrível é este lugar! Esta não é outra senão a casa de Deus, e esta é a porta do céu'" (Gn 28.1 6,17). Para o apóstolo Paulo, era importante conhecer Deus, mas era mais importante "ser conhecido por Deus" (Gl 4.9). A adoração significante conduz a experiências decisivas. O julgamento moral final de Deus vem trazendo a salvação do homem. Neste encontro é somente por humilde fé que o homem percebe o valor precioso da vida em Cristo.
Dom (dádiva) - O propósito da adoração não é primariamente receber bênçãos de Deus, mas ofertar a Deus. Povos antigos apresentavam oferendas em forma de sacrifícios. Na história da Bíblia os hebreus fizeram oferendas de várias formas. O salmista exortava, "tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios!" (Salmos 96.8).
O Novo Testamento também enfatiza o ato de dar como central na adoração. O homem apresenta suas oferendas com fé sincera e total obediência, como nos dias de Abel e Caim (Hb 11.4). O "sacerdócio santo," a congregação dos crentes, "oferecem sacrifício santo e a aceitável a Deus por meio de Jesus Cristo (1 Pe 2.5).
Conforme Winward aponta, o problema quase que exclusivo das igrejas livres sobre o "movimento abaixador" da adoração, a revelação de Eus na sua Palavra, têm levado à exclusão virtual do "movimento elevador", a oferenda na resposta dos adoradores[7]. Na prática da adoração pública a oferta concreta e objetiva é essencial para o esforço consciente do significado da adoração espiritual. Jesus Cristo, como a oferta sacrifical de Deus é a base para a resposta do homem ao fazer oferendas para Deus (Ef 5.2). A adoração não é somente algo dito; ela é algo feito. É agir na palavra de Deus em fé. Como Deus tem atuado em direção aos crentes, assim os crentes devem agir em direção a Deus.
A adoração é primariamente a oferta de nós mesmos de forma total a Deus - nosso intelecto, nossos sentimentos, nossas atitudes e nossas propriedades. Nossas ofertas externas são o resultado de nossa dedicação interna. As ofertas de dinheiro enviadas pela igreja de Filipos para Paulo foram vistas com "uma oferta perfumada, um sacrifício aceitável e agradável a Deus” (Fil 4.18). A mais alta expressão de ofertar é a oferenda da própria pessoa, a apresentação de "seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12.1). O que Deus quer é a nós mesmos. Coffin declara, "Nós apresentamos a ele os nossos pensamentos, nosso arrependimento, nossas ações de graças, nossas aspirações para nossas próprias vidas, para os nossos entes queridos, para o nosso país e nosso mundo. Nós mesmos somos a oferenda que ele procura."[8]
Cumprimento escatológico - A adoração é a função escatológica da igreja. De acordo com Delling, "Ela é, na sua essência mais profunda, o desenvolvimento decisivo e contínuo da salvação na história, o qual termina na adoração eterna a Deus."[9] A igreja é encarregada de continuar sua adoração. Paul disse, "com a mesma freqüência que você come este pão e bebe o cálice, você proclama a morte do Senhor até que venha" (1 Cor 11.26). A igreja vê nesta celebração de adoração o cumprimento escatológico da redenção de Deus, anúncio de si mesma como a igreja escatológica, e esperança da perfeição escatológica.
Não há possibilidade da igreja ser cristã sem adoração. A adoração é, em sua essência, o auto-retrato da congregação, a quem Deus tem chamado para ser seu povo no mundo. De fato, a adoração é o poder que vem de Deus que possibilita a igreja a ser igreja. As pessoas muito freqüentemente participam da igreja com a idéia equivocada de que quando elas adoram, podem deixar o "mundo real" para trás e entrar em algum mundo fantamagórico de "auras, ectoplasmas, espíritos desincorporados e ideais inatingíveis."[10] Willard L. Sperry diz que, "um culto de adoração é uma aventura deliberada e disciplinada dentro da realidade. Na igreja, mesmo em qualquer lugar, nós estamos sob obrigações morais para sermos reais."[11]
O termo "realidade", para ser inteligível, deve ter certos pontos de referência. A experiência religiosa é uma experiência real. Ela tem uma base firme. Há pelo menos três pontos de referência essencial aqui:
·         Para a filosofia cristã a realidade mais atualizada é pessoal, e para a experiência e teologia cristãs a expressão mais atualizada do pessoal é a manifestação de Deus sobre si mesmo. A adoração está no reino do pessoal.
·         Um outro ponto de referência é a manifestação histórica. A adoração cristã está relacionada com os atos de Deus através da história. Esses atos são observáveis no tempo e nos lugares, e a experiência que o homem tem de Deus verifica a realidade da revelação divina, especialmente na pessoa de Jesus Cristo.
·         A adoração pode também ser julgada pela realidade dos efeitos dinâmicos. O sério diálogo do homem com Deus produz resultados transformadores. Uma visão clara de Deus traz um retrato realístico da necessidade do homem e um desejo de que Deus o limpe perdoe. A via é mais real quando o homem sua própria verdade em Cristo.

Finalmente, repetindo, definições e proposições não podem delinear adequadamente a experiência da adoração, porque a adoração é um ato de fé. Ela não é adesão a proposições, declara Carl Michalson, porque "as proposições de fé são sempre invocações. nem, 'um consentimento de concordância intelectual, mas uma sursum corda, uma elevação do coração em resposta feita de bom grado.'"[12]  
A adoração não é uma mera preparação para ação. Ela é o Opus Dei, a adoração de Deus como o mais alto privilégio do homem. Sem este senso de prioridade da adoração, Deus será cultuado como um meio para se chegar a um fim, não para somente ele mesmo.
Tal abordagem utilitária não é válida ainda que o objetivo que se tenha em vista seja tão admirável como o serviço à comunidade, ou a construção moral de uma nação, ou a transformação de indivíduos em pessoas com maior integridade, saúde e sensibilidade. Devemos adorar a Deus por causa de sua própria glória, ou então estaremos cometendo idolatria, mesmo que as motivações da adoração sejam relativamente merecedoras.
Como eu escrevi anteriormente, assim, "A adoração cristã é a resposta de amor do homem dentro da sua fé pessoal à auto-revelação pessoal de Deus em Cristo[13]. Em essência, a adoração é a comunhão do homem com Deus em Jesus Cristo, sendo essa relação consciente afetada pelo Espírito Santo no espírito do adorador. Esta é a razão porque a verdadeira adoração "nunca cansa a alma reverente," porque "aquele que está cansado na adoração não está adorando, da mesma forma como aquele que se cansa de amar não está amando."[14]
Depois de mais de quarenta anos no ministério, um pastor reconheceu que ele não podia definir a adoração, mas ele deu a seguinte descrição: "Se você deixa a igreja com sua fé mais forte, sua esperança mais viva, seu amor mais profundo, suas simpatias alargadas, seu coração mais puro, e com sua vontade mais resoluta em fazer a vontade de Deus, então você verdadeiramente adorou!"[15]




[1]http://www.scribd.com/doc/33634984/Franklin-M-Segler-Culto-Cristao
[2] William Temple,The hope of a new world (NT - A esperança de um mundo novo) (New York: The Macmillan Co., 1942), p. 30.
[3]Sigmund Olaf Plytt Mowinckel, The Psalms in Israel's Worship (NT - Os salmos na adoração de Israel), trans. D.R.Ap - Thomas (New York: Abingdon Press, 1962), p. 15.
[4]Science and the Modern World (New York: The Macmillan Co., 1926), p. 276.
[5]The Public Worship of God (Philadelphia: The Westminster Press, 1946), pp. 15,16.
[6]Evelyn Underhill, Worship (New York: Harper & Bros., 1937), p. 3.  
[7] Stephen F. Winward, The Reformation of Our Worship (Richmond: John Knox Press, 1965), p. 33.
[8] Op. cit., p. 21.
[9] Gerhard Delling, Worship in the New Testament, trans. Percy Scott (Philadelphia: The Westminster Press, 1962), p. 182
[10]Willard L. Sperry, Reality in Worship (New York: The Macmillan Co., 1925), p. 206.
[11]Ibid., p. 221.
[12]"Authority," A Handbook of Christian Theology, ed. Marvin Halverson (Cleveland, Ohio: The World Pub. Co. [Meridian Books, Inc.], 1958), p. 28.
[13]Theology of Church and Ministry (Nashville: Broadman Press, 1 960), p. 195
[14] Edgar S Brightman, The Spiritual Life (New York: Abingdon Press, 1942), p. 157.
[15] Perry F. Webb, ex-pastor da Primeira Igreja Batista de San Antonio, Texas. Usado com permissão.

ANGOLA: Opção para Missão Ad Gentes? - Por Michael Mutinda*


miss angola: divulgação.
            Podemos considerar Angola como sendo um país muito rico em belezas naturais que proporcionam paisagens naturais de cortar respiração. O nome vem da palavra bantu, N’gola, titulo dos governantes de região leste, hoje capital Luanda. O clima do país é caracterizado por duas estações: a das chuvas, e a seca. Angola foi uma antiga colônia de Portugal desde o século XV até a independência, aos 11 de novembro de 1975. O regime político vigente é o presidencialismo, com o José Eduardo dos Santos, atual presidente.

História, Cultura e Economia.
Grande parte da história de Angola está implicitamente ligada à escravatura e ao tráfico de escravos. O país faz há muitos anos uma empolgante corrida de obstáculos, cada qual o mais difícil de transpor. A conquista da paz nos últimos anos foi a mais saborosa vitoria de um povo que é por natureza pacífico, acolhedor e solidário. A guerra foi, durante décadas (1961-2002), uma dolorosa ferida que atormentou gerações de angolanos. Hoje, estão todos a colher os frutos da paz e apesar da conjuntura internacional desfavorável, as perspectivas de futuro são excelentes.

A economia de Angola caracteriza-se por agrícola, e minerais especialmente diamantes, petróleo e ferro. O PIB per capita é de seis dólares. Angola possui uma grande variedade de etnias que permitem cerca de 42 dialetos, sendo que as mais faladas são: Quimbundo, Quicongo e Umbundo. No entanto, a língua oficial é o português. (falada também em Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste.). A população total é de 18 milhões (dados de 2009) e o principal grupo étnico é bantu.

Religião e Expectativas de Nova Missão.
Cristianismo é a religião principal: estima-se que 53% são católicos, 28% protestantes e o resto são muçulmanos ou da religião tradicional. A introdução da doutrina cristã na terra que é atual Angola teve inicio com a evangelização sistemática a partir de 1490, quando os missionários católicos chegaram às ‘novas terras’. A igreja cristã terá iniciado a sua atividade em Angola na década de 1850, com maior incidência na parte norte e centro. A educação, saúde e formação profissional são as áreas sociais em que a igreja católica contribui para a população local.

Os missionários da Consolata estão estudando a possibilidade de abrir uma missão ad gentes em Angola que permitiria aos missionários terem um contato melhor com as fundações da mesma em Moçambique, além de se dirigirem a uma realidade complexa, de grandes dimensões, necessitada de consolação e, sobretudo com dioceses necessitadas de ver reforçada a presença eclesial atualmente insuficiente.

A atenção está se fixando sobre três territórios: diocese de Namibe que tem cerca de 1.5 milhões de pessoas, e que oferece possibilidade de trabalhar com as minorias étnicas e não evangelizadas. Esta diocese só tem 12 padres (9 diocesanos e 3 religiosos) e, 4 congregações de irmãs. A outra diocese é de Mbanza-Congo que abriga mais ou menos 700 mil pessoas, e tem 6 paróquias, 18 padres (6 diocesanos e 12 religiosos) e 33 religiosas. A sua realidade é de pobreza material e estrutural. O terceiro território seria da realidade da periferia urbana em torno da capital Luanda, onde se concentra mais ou menos 5 milhões da população do país, muitas vezes em condições que necessitam duma presença consoladora. Com esses dados, é certo que Angola é uma opção para missão ad gentes hoje.

*Este artigo foi publicado na Revista Missões, edição de Outubro, 2010.

O JUIZ INÍQUO E A VIÚVA TEIMOSA NA LUTA PELA JUSTIÇA - Frei Jacir de Freitas Farias, ofm

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM
I. INTRODUÇÃO GERAL
Um juiz iníquo e uma viúva teimosa. Um juiz poderoso e incrédulo. Uma pobre mulher e vencedora. Dois personagens que apresentam um contraste entre suas atitudes, no evangelho de hoje. Duas atitudes que, aliadas às de Josué, Moisés e Paulo, iluminam a nossa caminhada de evangelizadores.
Outubro é o mês das missões. Na próxima semana, estaremos celebrando o dia mundial das missões. Em que esses textos podem nos ajudar na difícil tarefa de ser missionário? O missionário é aquele que, como a viúva, insiste no cumprimento da justiça de Deus.
II. COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Ex 17,8-13): Josué e Moisés: a luta social com espiritualidade. Nesta leitura, dois personagens se destacam: Josué e Moisés. O primeiro é enviado pelo segundo para cumprir a missão divina de ir ao país inimigo, dos amalecitas, habitantes da região do deserto do Neguev (1Sm 15,7), e destruí-los em nome do Deus de Israel, que os venceria. Israel e Amalec eram países irmãos, por serem descendentes de Esaú, irmão de Jacó, filhos de Isaac (Gn 14, 7; 36,12). Entretanto, reinava uma rivalidade constante entre eles. Ambos, em nome de Deus, queriam o extermínio um do outro pela ação divina (Ex 8,8-16). Os amalecitas eram uma ameaça constante a Israel, o povo de Deus. Este temia o fim da liberdade e da aliança com Deus.
Guardadas as devidas proporções, a narrativa se parece com a dos missionários de outrora. Os dominadores, portugueses ou espanhóis, levavam consigo a religião, representada pelo clero. Não por menos, um franciscano, frei Henrique de Coimbra, celebrou uma missa para marcar a chegada dos portugueses ao Brasil. Assim como nos parece absurdo saber que em nome de Deus se lutava no Primeiro Testamento, da mesma forma, a evangelização na América Latina custou a vida de tantos inocentes indígenas.
Moisés sobe a uma colina, lugar, na visão judaica, do encontro com Deus. Em suas mãos, ele traz uma vara. Mãos levantadas é sinal de vitória para Josué. Mãos abaixadas, derrota. Como não era fácil manter as mãos erguidas, seus auxiliares, o sacerdote e seu irmão Aarão, juntamente com Hur, que o acompanhava, resolvem segurar levantadas as mãos de Moisés até a vitória final de seu enviado.
Esse relato, à primeira vista simplório, faz parte da catequese da comunidade teologal eloísta, que o escreveu por volta do ano 740 a.E.C., para os israelitas. O objetivo dele era demonstrar que o povo tudo podia se estivesse com Deus. É Deus que combate no lugar do povo. Deus é um guerreiro valoroso. A vara de Moisés é a mesma que fez brotar água no deserto (Ex 17,5). Aarão e Hur são os responsáveis por manter as mãos de Moisés levantadas. Cada personagem tem o seu papel na história. Todos cumprem o papel de levar o poder do Deus de Israel a outros povos. Na verdade, podemos ver aqui uma ação missionária. Pena que o seu teor é o das grandes ações missionárias de que falamos anteriormente. Por outro lado, podemos destacar duas atitudes peculiares decorrentes do texto, as quais inspiram o trabalho missionário: Josué representa a luta política e Moisés, a espiritualidade. São dois modos de agir que precisam estar unidos no trabalho missionário. Se um fica enfraquecido, o outro também não resiste. A espiritualidade na missão libertadora, na luta social e política, são dois caminhos numa mesma estrada. Para o povo judeu, a sua missão no mundo é levar a santificação para todos os povos, o que inclui atitudes de luta social e espiritualidade. Para muitos, falar desse tema: luta social e espiritualidade, pode parecer fora dotempo, anacrônico, visto que cristãos aguerridos, como os das décadas de setenta e de oitenta, parecem não mais existir. Não. O tema é atual e merece nossa reflexão, de modo a encontrarmos novos caminhos de ação libertadora. Sem espiritualidade, o caminho da luta fica fraco.
2. Evangelho (Lc 18,1-8): juiz iníquo e a viúva: injustiça e fé. O evangelho deste domingo nos coloca em contraste duas pessoas, o juiz que não cumpre o seu papel de fazer justiça, e a pobre viúva que insiste até conseguir o seu intento, a justiça. Em Israel, a viúva, o órfão e o pobre formavam uma tríade que a lei tratava com especial atenção. “Socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a viúva” (Is 1,17). “Defendei o oprimido e o órfão, fazei justiça ao humilde e ao pobre, livrai o oprimido e o necessitado, tirai das garras dos ímpios” (Sl 82,3-4). Outros textos bíblicos ressaltam que a viúva tinha proteção especial da Lei (Ex 22,20-23; Dt 14,28-29; 24,17-22), mas, sobretudo, de Deus, que escuta sua lamentação, a defende e a vinga (Dt 10,17; Eclo 35,14; Sl 94,6-10). Para o judeu, temer a Deus, ou melhor, reverenciar, é o mesmo que fazer cumprir a Lei a favor dos fracos e desprovidos (Ex 22,21-22; Dt 24,17).
Interessante é que Lucas, o evangelista que se preocupa com a salvação trazida por Jesus para os não judeus, é o único que conservou essa parábola da viúva. A comunidade de Lucas tinha como objetivo demonstrar que o cristão deve rezar sempre com fé e pedir com insistência a Deus em favor da justiça. Muitos cristãos estavam desanimados. Eles começavam a acreditar que não mais seria possível a realização do Reino pregado por Jesus. O cristão não pode sair da luta. Ele precisa perseverar sempre e dar testemunho de sua fé. Deus agirá em breve em favor dos pobres (v. 8), conforme esperavam também os judeus não cristãos (Eclo 35,18-19).
Somos sabedores de que a justiça em nosso país é lenta e não funciona em favor dos pobres. Um dia desses, uma juíza, diante de um caso que tinha dado sinais evidentes de crime, até mesmo com testemunho dos réus, se declarou surpresa em um telejornal com a decisão de absolvição por parte dos jurados. Ela disse ainda que isso é comum na justiça brasileira.
A ação missionária da igreja, buscando iluminação no evangelho, nos apresenta o desafio de evangelizar com base na justiça e na oração. Como a viúva, a insistência leva a vitória do pobre que, mesmo não tendo recursos econômicos, sai à procura de soluções. Os pobres de hoje, as viúvas de ontem, são a razão principal das missões dentro e fora da igreja. Juízes injustos e sistemas econômicos que não geram vida, estes sim, devem ser evangelizados e conclamados à conversão. Como a viúva, os pobres devem persistir na luta e na eterna esperança de um mundo de justiça, paz e fraternidade. Essa é a missão de todos, ricos e pobres, que acreditam na boa-nova do evangelho de Jesus Cristo.
3. II leitura (2Tm 3,14-4,2): Paulo a Timóteo: a missão do cristão é pregar a Palavra de Deus com esperança e sede de justiça. Nesta leitura, Paulo, mais uma vez, escrevendo a Timóteo, retoma o valor da fé e da pregação da Palavra de Deus. Ele retoma a infância de Timóteo, sua experiência familiar, para dizer que foi ali que ele recebeu os ensinamentos que deve transmitir. Paulo, o grande missionário, insiste em ressaltar valores que o cristão não pode perder no exercício de sua missão: anunciar a Palavra de Deus com coragem; levá-la a quem não a conhece; questionar quem não a pratica; animar aqueles que perderam a esperança; educar na justiça. Em síntese, o missionário deve ser fiel à Palavra e perseverante na fé que anuncia. Eis aí um programa de missão. A igreja deve sobremaneira a Paulo que, imbuído desses princípios, levou o cristianismo para além de Israel. O cristianismo é mais paulino que petrino.
Paulo insiste na atitude missionária de Timóteo, tendo como duas testemunhas de sua ação o próprio Deus e Cristo Jesus, aquele que virá em breve, na parusia, como juiz escatológico. O número dois é simbólico na visão judaica. Sempre eram necessárias duas pessoas para servir de testemunho. Daí o fato de Jesus enviar os discípulos dois a dois em missão. Mulheres e crianças não podiam dar testemunho.
Timóteo, assim como todo missionário, terá que prestar conta de sua ação evangelizadora. Somos responsáveis pelos nossos atos. Outro detalhe fundamental: a Bíblia, Palavra inspirada por Deus, é arma principal na missão que educa na justiça, corrige, instrui e refuta qualquer ação que não condiz com o plano da salvação. Paulo relê o Primeiro Testamento na perspectiva de Jesus. Ele é a chave de interpretação da Bíblia e a sabedoria de Deus. A Bíblia nos conduz, em Jesus Cristo, à salvação. Pena que, em nossos dias, ela é interpretada por muitos cristãos de forma fundamentalista, ao pé da letra.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
1. Demonstrar as atitudes do juiz iníquo em contraste com a persistência da pobre viúva, na missão evangelizadora de todos nós.
2. Mostrar as dificuldades inerentes à ação evangelizadora da igreja, sobretudo no que se refere à justiça social.
3. Perguntar pela vida de oração, pela esperança e luta da comunidade. Como estamos vivenciando esses valores?

Fonte: VIDA PASTORAL.

12/10/2010

"Matam-se mulheres feito moscas no Brasil"

“Enquanto o machismo não acabar, as mulheres continuarão morrendo”, diz a promotora de Justiça Luiza Nagib Eluf (foto), especialista em crimes contra a mulher e homicídios passionais em entrevista à revista IstoÉ, edição 21-07-2010.

Com cinco livros publicados, entre eles o best seller A Paixão no Banco dos Réus, no qual analisa os principais crimes passionais que ocorreram no País, Luiza diz que as leis atuais são boas, mas há ineficiência da polícia e do Judiciário quando a mulher denuncia a agressão ao poder público. “Só a prisão do agressor pode salvar a vida da mulher inocente”, diz ela, há 31 anos no Ministério Público, quase todos na vara criminal.

Vocação: dom de Deus a serviço do próximo - Robério Crisóstomo da Silva *

          O mês de agosto no Brasil é um tempo em que cada cristão é convidado a refletir e rezar pelas vocações, em seus diferentes estados de vida. Isso nos faz compreender o grande e fiel amor de Deus para com cada um de nós, pois o primeiro sinal de sua inclinação por nós foi proporcionar a alegria de sentirmo-nos sujeitos protagonistas da sua missão, preenchendo-nos no dia do nosso batismo com os dons do Espírito Santo, o qual nos anima para na liberdade darmos uma resposta a seu projeto, que visa à defesa da vida humana e o anúncio do seu Reino a todos os povos.
        Constatamos em Mc 6, 6-13 o chamado de Jesus a alguns homens, onde cada um em sua liberdade e responsabilidade assume o seu ministério de apóstolo. Percebemos também que o chamado de Jesus é uma convocação que leva a uma radical entrega, pois mesmo conhecendo as limitações humanas, Jesus não chama os capacitados, mas capacita os que são chamados. Trata-se de um Deus misericordioso, que consagra na sua intimidade a pessoa humana em toda a sua totalidade. É o próprio Deus quem capacita e fortalece o indivíduo abrindo novos horizontes, chamando sobretudo a ir mais além de suas realidades e viver um estilo de vida na entrega total ao anúncio do Evangelho e na construção de uma vivência mais fraterna e humana entre todos os homens mulheres, sobretudo os mais excluídos.(continue lendo...)
Leia também:É possível conhecer outras pessoas? : Por Michael Mutinda*Jovens missionários realizam Missão na periferia: Por Dido Kabaka*

* Robério Crisóstomo da Silva, imc, é seminarista, estudante de teologia na Escola Dominicana de Teologia - EDT, em São Paulo.

As Aparições de Maria - Por A. Murad

Continuamos a responder as principais perguntas sobre as Aparições de Maria. Se você quer conhecer mais, leia: "Visões e Aparições. Deus continua falando?", A. Murad, Ed. Vozes.
1. Como distinguir se uma aparição é autêntica?
Não podemos afirmar com total certeza, mas alguns critérios nos ajudam:
* Equilíbrio mental do vidente: se a pessoa tem boa saúde psíquica. Indivíduos mentalmente desequilibradas podem ter visões de Nossa Senhora, que são apenas criação de sua imaginação e do seu desejo. Normalmente, os videntes que querem ser reconhecidos pela Igreja, são submetidos a uma junta de profissionais, psiquiatras e psicólogos, para avaliar sua saúde mental.
* Honestidade do vidente e de seu grupo: O vidente e seu grupo devem buscar, com simplicidade, a fidelidade à vontade de Deus, e não seus interesses próprios. Por vezes, a busca de fama, poder ou dinheiro, ou a pressão de parentes e amigos acaba produzindo aparições induzidas nos videntes. Em resposta a estes estímulos, eles passam a criar e repetir mensagens, para atrair o grande público.
* Qualidade da mensagem: a mensagem do vidente deve estar de acordo com o evangelho e a caminhada da Igreja no seu país e no mundo. Deve ser Boa-Notícia, atualização do Evangelho para nós. Se, ao contrário, o vidente só lembra do castigo e da ira de Deus, está esquecendo a mensagem de misericórdia do evangelho (Lc 15). Se o vidente veicula mensagens eivadas de julgamentos e preconceitos contra pessoas e grupos, é sinal que não vem de Deus, mas do engano, do orgulho e da vaidade.
* Frutos das aparições: se o movimento de uma aparição leva muitos cristãos a viver melhor a fé, a esperança e a caridade, é um bom sinal. Também as curas e milagres podem nos dizer que Deus está agindo ali de maneira especial.
Esses quatro critérios podem ajudar você a analisar se um movimento de suposta aparição é bom e digno de crédito.

2. Qual a diferença entre “visão” e “aparição”?
Aparição significa que Maria glorificada se manifestou a um ou mais videntes e lhes deixou uma mensagem, para ser transmitida aos outros. Visão é um tipo de experiência mística extraordinária, na qual uma pessoa afirma ter visto a mãe de Jesus. Normalmente a visão vem acompanhada de uma mensagem. Mas também há místicos que não vêem, mas ouvem vozes de Jesus, de Maria, ou de algum santo. Isso pode acontecer também com qualquer um, alguma vez na vida, em momentos de intensa experiência espiritual. Quando falamos em aparição, estamos qualificando o fenômeno do ponto de vista do Sagrado que provavelmente aí se manifesta. Se dizemos visão, estamos sendo mais cautelosos, pois só dizemos que uma pessoa experimentou algo extraordinário. De qualquer forma, um pretenso vidente necessita de acompanhamento espiritual e humano qualificados, para discernir o que está acontecendo nele e ajudá-lo na caminhada de fé.

3. Os católicos necessitam acreditar nas aparições?
Não. As aparições não fazem parte do credo e dos dogmas católicos. Temos a liberdade de aceitar ou ignorar essa experiência religiosa. As aparições têm seu valor espiritual, mas não são absolutas. Até os pedidos dos videntes - que eles consideram vindos de Maria - como rezar o rosário ou fazer penitência, são apenas conselhos para ajudar a nossa vida cristã. Ninguém é obrigado a segui-los. Se alguém sente que isso a aproxima de Deus e o ajuda a realizar Sua vontade, pode se servir deles. Mas ninguém tem direito de julgar os que não acreditam nas aparições e ignoram os pedidos dos videntes. Por outro lado, os que não crêem em aparições devem respeitar os que pensam diferente deles. O católico pode confiar na experiência e na mensagem de alguns videntes, mas será uma confiança humana, mesmo que haja muitos sinais maravilhosos.

4. Como a Igreja reconhece a autenticidade de uma aparição?
Trata-se de um processo longo e demorado. Abre-se um processo canônico, que começa na diocese onde acontece o fenômeno. Isso exige que o bispo esteja aberto para analisar o fenômeno e creia que pode haver algo “a mais” acontecendo com o vidente. Uma comissão de peritos analisa a situação psíquica do vidente. O mesmo acontece com o teor das suas mensagens. Analisa-se também a qualidade dos sinais extraordinários realizados, especialmente curas e conversões. Passada esta fase, toda a documentação é enviada a Roma, que pode nomear outras comissões para convalidar o processo diocesano. O reconhecimento oficial é muito moderado na sua linguagem. Declara-se que a mensagem do vidente “é digna de fé humana” ou seja, pode ser divulgada e acolhida pelos fiéis, mas não constitui algo original ou obrigatório para a experiência cristã. Aceita-se que no local seja erguido um santuário de louvor a Maria, com o nome que o vidente lhe conferiu. Em momento nenhum, o documento oficial da Igreja declara que Maria apareceu naquele lugar. Por isso, as aparições estão no campo devocional, e náo do dogma.

Fonte: Maria: mãe nossa

Dia das crianças - Por Maria Regina Canhos Vicentin *

Disseram que vamos comemorar mais um dia das crianças. Mas, onde estão as crianças? Só vejo pequenos adultos, consumidores de produtos e brinquedos. Muitos batendo o pé e exigindo a satisfação de seus caprichos. Um dia comercial; impositivo, e frustrante para todos aqueles que não conseguem ter o que desejam. Alguns pais crêem que as crianças precisam ganhar presentes, e muitos publicitários os convencem disso através de propagandas maravilhosas. Logo cedo nossas crianças começam a acreditar que a felicidade está depositada em coisas que podem vir a ganhar ou adquirir. E os pais parecem pensar da mesma forma, tanto que se esforçam para comprar aquilo que foi solicitado, sacrificando-se até.
Penso que muito mais que presentes nossas crianças precisam é de atenção. Respeito que não as exponha ao trabalho infantil. Cuidados que não favoreçam sua exploração sexual. Amor que não espalhe manchas pelo corpo através da violência física. Afinal, dia das crianças é todo dia. E eu gostaria que realmente fosse um dia feliz para aquela criança que foi esquecida na escola ou dentro do carro. Também queria que fosse um dia feliz para aquela criança que foi espancada e sexualmente abusada. Acharia ótimo comemorar com as dezenas de crianças que fumam crack pelas ruas, e também com aquelas que furtam, roubam e se prostituem. Elas também são crianças e precisam comemorar o seu dia, mas o mundo parece não se importar muito com elas.

Nossas crianças não precisam só de presentes, embora a televisão insista que sim. Nossas crianças precisam de amor e atenção. Precisam da nossa solidariedade e compaixão. Não importa que não sejam nossos filhos, a responsabilidade também é nossa; é de todos nós. Se o período da infância encurtou, foi porque nós adultos deixamos isso acontecer. Permitimos que nossas crianças amadurecessem cedo demais, assim teríamos menos trabalho, certo? Errado! Temos mais trabalho agora, pois elas querem se drogar, fumar, beber e transar com onze anos de idade. E continuam sendo apenas crianças!

Quem roubou a infância delas? Acaso foram outras crianças ou os próprios adultos? Fui procurar alguns mimos para distribuir entre elas: meiguice, sonhos, inocência, acanhamento, confiança, afeição... Não encontrei; não havia esses carinhos à venda. Estavam esgotados. Como ninguém mais os procurou, com o tempo acabaram deixando de comercializar. Voltei de mãos vazias. Pedi a Deus, no entanto, que neste dia das crianças toque o coração dos adultos que roubaram os pequenos, para que devolvam tudo aquilo que lhes foi subtraído. Quem sabe assim, teremos um amanhã mais bonito e menos comercial.

* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: http://www.mariaregina.com.br/

Fonte: www.mariaregina.com.br

Dia da padroeira do Brasil

       A chamada "pescaria milagrosa" aconteceu em 12 de outubro 1717,
no Porto Itaguaçu, na curva do Rio Paraíba do Sul, em São Paulo,
onde três pescadores encontraram a figura de Nossa Senhora Aparecida.

     









         Fé. Esse é o sentimento que conduz a vida de milhares de brasileiros, como Maria José de Alcântara, servidora da Subsecretaria de Comunicação Social do Rio de Janeiro. As histórias de devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida são semelhantes. Todas movidas pelo amor e pelo conforto encontrados nas belas mensagens das orações da padroeira do Brasil. Às véspera do feriado que comemora seus milagres e sua importância para a cultura brasileira, os católicos cariocas já se preparam para festejar a data nesta terça-feira.
 
         Maria José se refere carinhosamente a Nossa Senhora Aparecida como "minha mãe de coração", para quem recorre nos momentos de sofrimento. As romarias e as excursões a Aparecida, no interior de São Paulo, onde fica o maior santuário da América Latina dedicado à Virgem Maria, começou cedo, ainda na adolescência. Hoje, com 68 anos, não perde uma comemoração da padroeira do Brasil, seja na basílica ou na paróquia que frequenta em Vicente Carvalho, para agradecer as graças alcançadas.
 
"Fui a Aparecida muitas vezes. Não poderei ir esse ano, mas em 2011 vou pagar mais uma promessa que fiz: pedi pela minha sobrinha, que teve meningite. A menina, que está com 10 anos, está curada e não teve nenhuma sequela. Vamos reunir toda a família para ir ao santuário. Quando o meu marido teve um derrame, pedi muito a ajuda dela e fui atendida. Hoje, ele está bem. No dia 12, não vou deixar de festejar o dia da minha 'mãezinha'. Vou à missa às 9h, aqui no Rio de Janeiro", garantiu a servidora.
 
Proteção, consolação, esperança e mãe são expressões comuns usadas quando os fiéis de Nossa Senhora falam sobre sua devoção. O carinho e a fé dos romeiros e peregrinos transformaram a padroeira em uma das imagens católicas mais admiradas e respeitadas do país. Para os devotos, o manto que a Virgem Aparecida veste é símbolo de amor, e seu olhar, de paz. Muitos, como Maria José, veem na padroeira um porto seguro.
 
"Nossa Senhora Aparecida é divina. Ela é tudo na minha vida, é minha paixão. Quando chego à igreja dela, em Aparecida, me sinto muito confortável. Fico muito feliz ao ver a imagem dela. Meu amor por Nossa Senhora começou quando vi sua imagem pela primeira vez. Não tem quem não se apaixone pela história e pela nossa padroeira. Só de falar de Nossa Senhora fico emocionada e arrepiada", revelou dona Maria José.

Imagem da santa foi pescada do Rio Paraíba do Sul
A história da imagem da padroeira do país por si só já é considerada um milagre. A chamada "pescaria milagrosa" aconteceu em 12 de outubro 1717, no Porto Itaguaçu, na curva do Rio Paraíba do Sul, em São Paulo, onde três pescadores encontraram a figura de Nossa Senhora Aparecida. Na primeira vez que lançaram a rede nas águas, Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves encontraram o corpo da imagem. Logo após, a cabeça. Depois do "resgate", muitos peixes começaram a surgir no rio. Esse seria a primeira graça registrada.
 
"A pescaria milagrosa foi o primeiro sinal de Deus. Maria veio em auxílio daqueles homens que já estavam amedrontados, porque se não levassem os peixes para seus patrões, seriam torturados. A imagem original de Nossa Senhora da Conceição é feita de terracota e é negra por causa do tempo que a figura ficou no fundo do rio, na lama. Muitos sinais prodigiosos foram atribuídos a ela, como o milagre das velas, que se acederam sozinhas durante uma noite de oração", narrou o padre Gilvan André da Silva, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Ilha do Governador, zona norte do Rio.
 
Durante 15 anos, a imagem ficou na casa de um dos pescadores, Filipe Pedroso, onde os fiéis se reuniam para orar. Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora foi crescendo e ultrapassou fronteiras. O primeiro espaço criado para cultuar a padroeira foi um oratório no Porto de Itaguaçu. Em 1834, foi iniciada a construção da Basílica Velha. Na década de 80, a Basílica Nova passa a ser o novo templo de orações. Coroada em 1904, Nossa Senhora Aparecida recebeu o título de rainha e padroeira oficial do Brasil em 1929, pelo Papa Pio XI.
 
"Nossa Senhora da Conceição Aparecida é popular, primeiramente porque é a padroeira do Brasil. A representação que ela tem no mundo católico e até em outras religiões é muito grande. A maioria dos brasileiros respeita a devoção a Nossa Senhora Aparecida. Todos os povos são filhos de Deus e de Maria. A Virgem Maria continua realizando milagres. Só na minha paróquia recebemos, de 1° a 12 de outubro, cerca de130 mil devotos. A admiração pela padroeira é forte", ressaltou o padre Gilvan André.

Na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Ilha, as comemorações do dia da padroeira tiveram início no sábado, com uma carreata. A festa continua com shows de grupos musicais até esta segunda-feira, véspera do feriado. Na terça-feira, a homenagem a Nossa Senhora começa cedo, às 5h30, com a alvorada. Depois, a partir das 6h, acontecem as missas. Às 20h30, os fiéis se reúnem na procissão luminosa. Em seguida, participarão do show pirotécnico e do encerramento com as bandas da paróquia.

Fonte: Terra

“On Death and Dying“

The idea of death makes one aware of one's life, one's vital being – that which is impermanent and will one day end.   When ...