15/09/2010

ÁFRICA - Doações Atrasam o Desenvolvimento? - De Michael Mutinda.

         As doações para fins humanitários dos países ricos impedem a África de se firmar por conta própria? Me pergunto, e muitos outros também fazem a mesma pergunta. Há pouco tempo que a crise económica global revelou os riscos que correm as economias africanas por depender demasiado dos fluxos externos para a geração de receitas. Em primeiro lugar, a dependência de matérias-primas significa que muitos países africanos continuam vulneráveis às reviravoltas do resto do globo. Mas a realidade é outra como sabemos, além das muitas companhas que vêm por ai nas redes. A realidade africana abrange diferentes regimes políticos, vivências históricas, contextos culturais e religiosos, contextos económicos e geográficos. Além disso, coexistem zonas de insegurança e centros de estabilidade. Alguns países do continente africano viveram e vivem períodos de paz duradoura, de segurança, de estabilidade económica e política e de participação democrática, enquanto outros continuam imersos em conflitos intermináveis.

O Que está Acontecendo?
É verdade que não faltam fatores de crescimento. A exploração sustentável dos recursos naturais, o desenvolvimento agrícola, o investimento nos recursos humanos criam um clima favorável ao investimento. Vários países africanos são ricos em recursos naturais, o que permite um verdadeiro desenvolvimento sustentável. Contudo, os países ricos anunciam mais e mais doações a cada ano. De acordo com o eco­nomista queniano James Shikwa­ti, o dinheiro da ajuda inter­nacional prejudica o setor produtivo e a livre-iniciativa. No Quênia, por exemlpo, parte do dinheiro que entra de doações interna­cionais é investida no setor de tele­comunicações e controlado pelo estado de forma ineficiente. Desse modo, fica difícil para o setor privado competir com as empresas estatais; A situação na agricultura é ainda pior. O envio de toneladas e toneladas de alimentos atrapalha os produtores locais. Eles param de produzir o pouco que têm, porque são incapazes de competir com os alimentos distribuídos gratuitamen­te à população. Assim, criam-se novas famílias de pessoas pobres, que pas­sam a depender da ajuda internacio­nal. É uma espiral sem fim, que tam­bém desestimula o comércio de ali­mentos entre os países africanos. Assim, as ajudas internacionais fazem mais mal do que bem à África, porque as modalidades com que são distribuídas não são corretas. E como disse outro economista africano, essas doações são ‘ajudas mortais, que salvam os ditadores e condenam a África ao subdesenvolvimento’.

O Passado para qual Futuro?
Dados de CEA mostram que na década de 80, a África Subsahariana recebeu 83 bilhões de dó­lares em auxilio. No mesmo período, o padrão de vida na região caiu 1,2% ao ano. A doação só tornou essa regiao da África mais dependente de ajuda. Como medida útil para se sustentar, que é o que os países afri­canos precisam, as doações não aju­dam em nada. A Áfri­ca necessita de uma chance para ser capaz de administrar e comercializar as próprias riquezas. E nas palavras do, Demba Moussa Ndembélé Demba Moussa Dembélé, economista e pesquisador senegalêseconomista e pesquisador Senegalês, a África Demba Moussa Dembélé, economista e pesquisador senegalêsDemba Moussa Dembélé, economista e pesquisador senegalêsprecisa conquistar a capacidade de resolver os seus problemas. Tem de descobrir os seus potenciais, pois isso sim poderá melhorar a vida. Para isso precisa de um clima de investimento fiável e atractivo, a estabilidade e o nível de governação dos países, a transparência, o diálogo com os meios empresariais nacionais e internacionais e a integração regional para o desenvolvimento económico.

Fonte: MwanaaSuu.

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