A tradição latino-americana é herdeira do Vaticano II. Mais do que “ponto de chegada”, o Vaticano II para a Igreja na América Latina foi um “ponto de partida”. Em suas inovações, a Igreja da América Latina não rompe com o Concílio, apenas faz desdobramentos de suas intuições básicas e eixos fundamentais. O Vaticano II continua inspirando nossa Igreja e respondendo a nossos desafios. Como ilustração disso, podemos fazer menção às raízes de alguns dos traços do rosto próprio de nossa Igreja.
Por exemplo:
a) o Concílio concebe a Igreja como Povo de Deus, a comunidade dos batizados, na comunhão da radical igualdade em dignidade de todos os ministérios; para a Igreja na América Latina, só há Igreja-comunidade em pequenas comunidades e a forma mais adequada de se fazer uma real vivência da fraternidade cristã é no seio de comunidades eclesiais de base, inseridas profeticamente no mundo;
b) o Vaticano II, ao afirmar a base laical da Igreja, fundada no tríplice ministério da Palavra, da Liturgia e da Caridade, faz da comunidade dos fiéis o sujeito eclesial; Medellín verá a Igreja, toda ela e em cada um de seus membros, sem distinção, como os sujeitos da missão evangelizadora;
c) o Vaticano II, na perspectiva de João XXIII, propõe “uma Igreja dos pobres para ser a Igreja de todos”; para Medellín não basta uma Igreja “dos pobres”, é preciso uma “Igreja pobre”, solidária com sua situação e comprometida com sua causa, de um mundo onde caibam todos;
d) o Vaticano II, rompendo com uma fé metafísica e abstrata, fala de Deus e partir do ser humano e busca servir a Deus, servindo o ser humano; para a Igreja na América Latina, optar pelo ser humano, dado o contexto marcado por escandalosa exclusão da maioria, que são os preferidos de Deus, significa optar antes pelos pobres, pois se trata de promover a fraternidade de todo o gênero humano;
e) o Vaticano II, superando o eclesiocentrismo, afirma que a Igreja, ainda sem ser deste mundo, está no mundo, existe para ser mediação de salvação do mundo e, portanto, precisa inserir-se no mundo; a Igreja na América Latina se perguntará: a Igreja deve inserir-se no mundo, mas dentro de que mundo? Do mundo dos incluídos ou dos excluídos para promover um mundo inclusivo de todos? Por isso, além da opção pelo sujeito social – o pobre –, a missão evangelizadora em vista da salvação, já na história, e que passa pela construção de uma sociedade justa e solidária, implica igualmente a opção pelo lugar social dos pobres.
E, assim, poderíamos continuar fazendo a lista dos pontos de chegada do Concílio, que a Igreja na América Latina fez e precisa continuar fazendo ponto de partida. (continue lendo)
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