Precisamos dizer para a Igreja se voltar para fora, por que a própria palavra Missão indica esse movimento", explicou padre Sergio, que é missionário italiano do PIME trabalhando há 35 anos no Brasil.
Em sua exposição, na manhã do dia 21, o assessor destacou quatro etapas na história da Missão. A primeira etapa vai de 1850 a 1950, época em que surgiram quatro congregações Missionárias: Combonianos, Xaverianos, Consolata e Pontifício Instituto para Missões Estrangeiras - PIME.
Padre Sérgio recordou que, naquela tempo, o missionário era enviado Ad Gentes, (aos povos) e aos pobres para salvar almas. "O conteúdo estava centrado na doutrina e na moral. O movimento era a partir da Europa para o resto do mundo onde os Institutos recebiam territórios de Missão para cristianizar", disse.
A segunda etapa foi o período anterior ao Concílio Vaticano II, entre 1950 e 1962. O enfoco estava na implantação da Igreja - Plantatio Ecclesia. A Igreja se expandiu com grande número de cristãos batizados e pouco envangelizados.
Os vinte anos após o Vaticano II, até 1985 representam a terceira etapa da Missão, quando a Igreja deu uma guinada histórica. O assessor destacou duas citações do decreto conciliar Ad Gentes. "A Igreja peregrina é por sua natureza missionária" (AG 2) e, "A atividade missionária é uma manifestação e realização do plano de Deus no mundo e na história". Diante disso, segundo padre Sérgio, surge dois desafios: "uma parte enorme da população mundial não entrou em contato com o Evangelho", e "o mundo não está mais dividido entre cristãos e não-cristãos, mas entre ricos e pobres". Decorrente disso ele apontou dois compromissos: "um com os não cristãos na Missão Universal da Igreja e o outro com a opção pelos pobres".
Uma quarta etapa é o período desde 1985 até o presente. Padre Sérgio destacou que "a teologia da Missão está mudando, o mundo está mudando e nós também estamos mudando. Com o processo de globalização desaparecem as fronteiras entre as nações. As migrações se intensificam". Diante disso, perguntou: "que sentido tem a Missão Além-fronteiras".
Falando ainda sobre o essencial na vida missionária, o assessor afirmou que "a missão não consiste em fazer coisas, mas as atividades são conseqüências da natureza. Agimos a partir do ser. Nós comunicamos uma experiência de comunhão com Jesus e não teorias e o nosso agir dá visibilidade ao essencial", sublinhou.
O missiólogo recordou ainda que "a missão tem sua origem em Deus Trindade e faz parte da natureza da Igreja". Por isso para ele, a expressão que aparece várias vezes no Documento de Aparecida onde diz que a Igreja deve entrar em estado permanente de missão "é contraditória, por que a Igreja já é por sua natureza missionária e por isso, sua razão de existir é a Missão", arrematou.
Vemos hoje a necessidade de inculturar a mensagem do Evangelho, buscar uma integração na realidade das comunidades e culturas locais, fazer uma opção pelas comunidades e lideranças dos leigos, como também buscar a autonomia das comunidades. Par isso, "o missionário deve ir onde as necessidades são mais urgentes, assumir o desafio das grandes cidades e buscar os grupos de marginalizados", sublinhou padre Sérgio recordando que ao longo dos anos, "muitos bravos missionários construíram grandes obras e acabaram presos nelas". Sobre a Missão, "na prática a teoria é outra", avaliou.
Para padre Sérgio, as características essenciais das nossas comunidades deveriam ser "a experiência de fé partilhada, os valores comuns que nos identificam lugares de compromissos e decisões tomadas em comum", concluiu.
Participam do estudo cerca de 80 missionários e missionárias da Consolata, entre irmãs, irmãos, seminaristas, padres, leigos e leigas. Após a exposição os participantes foram organizados em grupos para aprofundar a reflexão e destacar elementos da realidade que mais os desafiam.
Confire o artigo original em: Revista Missões
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