Ao analisar a representação composta de Deus de João Batista, da para a gente verificar que ela se origina principalmente, embora não de forma exclusiva, em suas interações com a mãe e o casal parental. Para ele, a avó parece ter suprido uma fonte independente para uma imagem de Deus e o pai para uma representação do diabo.
Para João, Deus parece capaz de escutar, ajudar, amar, estar próximo e dar força e felicidade, mas não no caso dele. A capacidade de Deus em escutar aparece na afirmação de que Deus é “injusto porque não escuta os dois lados” . Ao mesmo tempo, a recusa de Deus não escutar concentra-se nessa frase; “não rezo porque sinto que Deus não vai me escutar se eu não seguir suas regras”. A capacidade de Deus em ajudar e dar força é ilustrada em seu amor por Deus que sente ser importante para sua sobrevivência. A capacidade de Deus em amar é dramaticamente óbvia na seguinte afirmação; “para mim, o amor de Deus por mim é importante, porque não quero morrer pensando que ele me odeia”.
De fato, por mais atraente que Deus lhe possa ser, ele e seu Deus chegaram a uma posição antagônica definitiva por causa de seus próprios problemas. Ele afirma, “o que mais ressinto em relação a Deus é que não consigo viver da maneira como ele quer”. A boa disposição de Deus em relação a ela não serve para nada porque ela não é aceitável. Ele fala que ele não quer sentir que ele o pune, porque tem motivos para puni-lo. O resultado final dessa situação é dolorosamente ilustrado nas seguintes afirmações progressivas; “considero Deus como meu inimigo porque ele não me tem em alta consideração”. Ele ainda confirma que crê que Deus o vê como uma pessoa que ele perdeu porque não ajusta as suas idéias com deles e para agradá-lo em plenitude, ele tem que ser outra pessoa, porque ele não o agrada.
Ainda no final da entrevista, o Batista fala que se for possível, ele gostaria que Deus e os seus pais desaparecessem de sua vida. A culpa é sua experiência comum com ambos, como deixam claro estas afirmações paralelas. “se pudesse mudar meu passado, gostaria de mudar minha religião e meus pais e se receber prova absoluta de que Deus não Existe, ficarei feliz, porque não me sentirei culpada”.
Os componentes maternos na historia de Batista parece ser dominantes. Encontramos que Batista idealizava a mãe e odiava a si mesma. Em sua idealização, ele queria ser como mãe, cuja força admirava. Segundo ela, força é o que ela mais necessita de Deus; é por isso que ela o ama. Mas a mãe não só deixou de admirá-lo em troca, mas constantemente o criticava, acusando a ele e aos irmãos de serem a causa de seus muitos problemas e ameaçando abandoná-los.
Ao mesmo tempo, João Batista teve as melhores experiências com sua avó paterna, que era emocionalmente mais confiável e transmitia algum senso de afeto por ele. Sentia-se mais próxima da avó do que de qualquer outra pessoa da família. Sua fugaz capacidade de se comunicar com um Deus pessoal parece ter suas raízes na relação dela com a avó, que o aceitava como uma criança real. É interessante observar que apenas consegui se comunicar com o Deus dele quando está sozinho- quando a presença da mãe e do pai não interfere em sua relação especial com a avó. Mas ele é incapaz de manter essa imagem pessoal de seu Deus no foco de sua mente e assim dar apoio a si mesmo e apenas raramente consegue recorrer a essa imagem. Na maior parte do tempo, prevalece à representação de Deus como seu inimigo. Aparentemente, ele não conseguiu fazer qualquer conexão ou síntese entre essas duas representações contraditórias.
O Deus de João Batista, seja uma pessoa ou outra coisa, é uma entidade que se encontra totalmente fora dele. A diferença entre Deus e ele mesmo é tão impressionante e desproporcional que não há coisa alguma de Deus dentro dele. Deus tem força, ele não; Deus tem regras, ele deve obedecer a elas; Deus tem a supremacia, ela deve se submeter. A relação deles é de tirania e obediência e o Batista não é capaz de influenciar Deus. Deus é totalmente exterior a ele e completamente imutável.
Apesar de tudo isso, Deus é obviamente uma pessoa plena, que sem duvida, existe e possui intenções e desejos claramente definidos em relação a João. Essa representação inclui características que todos podemos observar em uma pessoa ou coisa. É uma representação completa, consistente e unificada em uma personalidade abrangente de traços bem definidos. Como representação, Deus não teve sorte melhor com ela. Também ele deve responder à pergunta dele. E até afora fracassou em sua resposta. Ele não quer que o João seja ele mesmo, mas outra pessoa.
Ainda nesta sua apresentação de Deus, João queria saber que de fato se houver uma prova absoluta de que Deus existe mesmo. Ele afirma; “feliz”, disse ele - se houver uma prova absoluta de que Deus existe, pois então não se “sentira culpada”. Mas quando se apresenta a opção final, ele afirma; “desejo estar com Deus depois da morte porque não quero fim”. Ao mesmo tempo, Deus o vê como uma pessoa que ele perdeu porque não conforma as idéias deles quanto suas.
Fonte: Denis Mwenda, Imc, trabalha com os moradores de rua em São Paulo.
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