A teóloga feminista Mary Hunt é co-fundadora e co-diretora da Women's Alliance for Theology, Ethics and Ritual (WATER) em Silver Spring , Maryland, USA. Mulher participante nos movimentos de mulheres da Igreja Católica, ela colabora e escreve sobre teologia e ética. Hunt aceitou conceder uma entrevista exclusiva para a revista IHU On-Line no intuito de contribuir com o debate que levantamos na matéria de capa da edição desta semana: diversidade sexual.
Mary Hunt - A teologia feminista é uma reflexão crítica em experiência da perspectiva daqueles que priorizam o bem-estar das mulheres e crianças dependentes em um mundo injusto. Lésbicas (e devo acrescentar libertação, que deixa clara a marginalização, mulheres excluídas, especialmente mulheres lésbicas) têm uma importante perspectiva que precisa ser incluída na reflexão teológica. Não há grande coisa que essa teologia tenha escrito ainda. Eu, por exemplo, escrevi um artigo intitulado “Teologia feminista lésbica”, p. 319 – 334 reivindicando que alguns assuntos que precisam de atenção são expressão sexual lésbica, maternidade compartilhada, chamada lésbica à santidade. Meu texto é mais um esboço para um retrato do que um produto acabado, mas ajuda a apontar onde o trabalho precisa ser feito.
Bernadette Brooten produziu textos úteis sobre mulheres lésbicas no período do cristianismo antigo, argumentando que foi a falta de uma parceria dominante/submissa na presença de duas mulheres que fez da prática sexual lésbica uma prática transgressiva. O padrão comum era, claro, um homem dominante e uma mulher submissa, ou até um homem dominante (normalmente mais velho) e um homem submisso (normalmente mais novo). Poder-se-ia argumentar que a noção de sexo entre iguais é uma contribuição lésbica ao pensamento cristão ocidental.
IHU On-Line - Existe uma exclusão da experiência lésbica na teologia moral católica sobre homossexualidade?
Mary Hunt - A maioria das teologias católicas sobre homossexualidade é baseada na experiência, na anatomia e no agenciamento masculino. Existem algumas referências em cartas recentes de bispos norte-americanos, por exemplo, de lésbicas junto com homens gays, mas que eu saiba não há, virtualmente, nenhuma referência específica à expressão sexual lésbica. (Continue lendo...)
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